Ataques foram ouvidos em Damasco, capital da Síria, na manhã desta segunda-feira (9), no dia seguinte à queda do regime de Bashar al-Assad, apurou a CNN. Não há confirmações de quem realizou os ataques de hoje.
Já na noite de domingo (8) uma explosão foi vista no distrito de Mezzah, a sudoeste do centro da capital, em um vídeo divulgado pela Reuters. O local onde o vídeo foi filmado fica a aproximadamente 500 metros do aeroporto militar da área, segundo imagens de satélite.
Também nas últimas horas Israel ordenou que militares estabelecessem uma área de segurança na Síria além das Colinas de Golã ocupadas por Israel. Equipes da CNN presentes no lado israelense da zona de segurança visualizaram veículos militares nesta segunda-feira.
Enquanto visitava as Colinas de Golã no domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse: “Juntamente com o ministro da defesa, e com o apoio total do gabinete, instruí ontem as FDIs (Forças de Defesa de Israel) a assumir o controle da zona tampão e das posições dominantes próximas a ela. Não permitiremos que nenhuma força hostil se estabeleça em nossa fronteira”.
Militares de Israel atacaram “sistemas de armas estratégicas, capacidades residuais de armas químicas e mísseis e foguetes de longo alcance” na Síria para evitar que caíssem nas mãos de grupos extremistas, disse o ministro das Relações Exteriores Gideon Saar nesta segunda-feira.
“A ocupação iraniana na Síria acabou”, disse Saar. “O Irã pensou que poderia controlar toda a região. Essa aspiração bateu nas rochas da realidade.”
Israel conduziu três bombardeios aéreos em Damasco contra um complexo de segurança e um centro de pesquisa do governo, usados no passado pelo Irã para desenvolver mísseis.
Tomada do governo
Forças rebeldes invadiram a capital síria no domingo forçando Bashar al-Assad a fugir do país.
A queda do regime de Assad foi descrita como uma “vitória para toda a nação islâmica”, por Abu Mohammad al-Jolani, líder do principal grupo rebelde, Hayat Tahrir Al-Sham (HTS).
A insurgência no país cresceu rapidamente desde os primeiros ataques no final de novembro, que evoluíram para a tomada de cidades estratégicas, até a deposição de al-Assad, que estava no poder desde o ano 2000.
Saiba quem é o líder rebelde sírio e o grupo que derrubou Bashar al-Assad
Manifestações sírias
Notícias da deposição de Assad provocaram manifestações de alegria nas ruas de Damasco e nas comunidades sírias ao redor do mundo.
Mas com os rebeldes, liderados pelo grupo islâmico HTS — designado uma organização terrorista estrangeira pelos EUA — agora no controle, o futuro do país devastado pela guerra permanece incerto.
Para a professora Danielle Ayres, especialista em política internacional e segurança da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a queda do governo de Bashar al-Assad marca o início de um período de grande instabilidade no país.
“A turbulência vai ser efetiva nas próximas semanas e até meses”. Para evitar um conflito prolongado, Ayres aponta que uma coalizão internacional, envolvendo potências como Estados Unidos e Rússia, poderia facilitar uma transição mais estável.
Ayres conclui que a legitimação de um novo governo, aparentemente preferido pela população em comparação ao regime de Assad, dependerá de sua capacidade de navegar essas complexas relações internacionais e garantir estabilidade interna.