Um tribunal holandês condenou nesta quarta-feira (11) uma mulher a 10 anos de prisão por fazer parte ao Estado Islâmico na Síria e ter mantido uma mulher yazidi como escrava.
A promotoria pediu uma sentença de oito anos para a holandesa Hasna Aarab, de 33 anos, porém o Tribunal Distrital de Haia afirmou que por conta da gravidade do caso de escravidão, considerado um crime contra a humanidade, exigia uma punição mais forte.
Os juízes declararam que estava claro que Aarab havia participado ativamente da escravização de uma mulher yazidi entre 2015 e 2016, enquanto ela vivia em Raqqa com o filho pequeno e marido combatente do Estado Islâmico.
A mulher yazidi, identificada apenas como Z, foi forçada a trabalhar na casa de Aarab, onde também foi abusada sexualmente. Segundo os juízes a holandesa “sabia da terrível situação de Z que piorou quando a holandesa ordenou que ela fizesse o trabalho doméstico e cuidasse de seu filho”.
“Ela agiu sabendo que o que aconteceu em sua casa era parte de um ataque generalizado e sistêmico à comunidade yazidi”, alegou o tribunal.
A corte alegou que “esse tipo de crime contra a humanidade está entre as piores violações internacionais possíveis”.
Minoria étnica
Os Yazidis são uma antiga minoria religiosa que o Estado Islâmico considera como adoradores do demônio. O grupo já matou mais de três mil pessoas, além de escravizar sete mil mulheres e meninas da minoria, deslocando a maior parte da comunidade de 550 mil de seu lar ancestral, no norte do Iraque.
Entre 2014 e 2017, o EI controlou áreas do Iraque e da Síria, antes de ser derrotado em 2019.
Condenada fazia parte do Estado Islâmico
Aarab também foi condenada por participar de uma organização terrorista, por possibilitar atos extremistas e por colocar a vida do filho pequeno em risco.
Anteriormente, ela havia sido acusada de escravidão por outras duas mulheres, mas o tribunal declarou que não havia provas suficientes das acusações de uma das mulheres, identificada apenas como S.
No início do julgamento, Aarab havia dito ao tribunal que se mudou da Holanda para o território controlado pelo Estado Islâmico na Síria em 2015 com o filho para tentar mudar sua vida para melhor.
A holandesa negou ter participado ativamente da escravização das mulheres e falou para os juízes que as vítimas yazidis estavam mentindo ao dizer que eram obrigadas a rezar.
Após a queda do Estado Islâmico, a holandesa foi mantida em campos de detenção curdos e foi repatriada pelo governo holandês em 2022.