Vizinha é denunciada por homofobia contra professor: “me senti um lixo”


O professor Everton Gama, de 23 anos, foi surpreendido com ataques homofóbicos e gordofóbicos dentro do condomínio em que mora, no Bairro Seminário, em Campo Grande. Após sofrer os ataques, a vítima procurou a polícia e registrou boletim de ocorrência.

Entrada do condomínio onde ocorreram as ofensas. (Foto: Divulgação)

“Você é uma lata de banha e um veadinho”. Essas são as falas ditas por Orcídia de Souza, de 59 anos, segundo Everton. A mulher também é moradora do Condomínio Castelo Di Napoli. Os ataques ocorreram durante discussão nesta quarta-feira (11).

Há quase dois meses, Orcídia também foi denunciada por racismo após chamar uma colaboradora do condomínio de “nega do cabelo duro”. Os dois episódios viraram caso de polícia. O Primeira Página entrou em contato com a investigada. Ela negou as acusações e disse ser perseguida.

Homofobia e gordofobia

As ofensas contra o professor ocorreram nesta quarta-feira, no momento em que os dois moradores se encontraram na porta de acesso ao bloco em que moram. Everton conta que a moradora não gostou dele ter segurado a porta após a passagem dela e começou a ofendê-lo.

  • “Quem você pensa que é?”, teria insinuado Orcídia.
  • “Sou morador como você”, respondeu Everton, que em seguida diz ter sido alvo das ofensas preconceituosas.

Os ânimos se exaltaram, com mais ofensas de ambos os lados. A situação gerou um misto de dor e revolta no professor.

“Eu me senti totalmente desrespeitado, fiquei indignado com a situação, porque eu não mexo com ninguém, não cuido da vida de ninguém. Eu acordo cedo, vou trabalhar todos os dias; aí, depois de dar todas as minhas aulas, volto para casa e recebo esse tipo de ataque na porta da minha casa, onde deveria ser minha zona de conforto. Eu me senti totalmente desrespeitado, me senti um lixo.”

Everton Gama, professor.

Após a discussão, Everton procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência pelo crime de injúria, qualificada por LGBTFobia, contra Orcídia.

Racismo

No dia 28 de outubro, a faxineira de uma empresa terceirizada que presta serviços ao condomínio também procurou a polícia para denunciar falas racistas de Orcídia. A fala criminosa teria ocorrido enquanto a funcionária limpava o chão do condomínio.

A moradora teria saído de seu apartamento e questionado a trabalhadora sobre a água na sua porta. Após a faxineira responder que era por conta da limpeza, Orcídia disparou:

“Gente da sua raça só serve pra fazer isso mesmo, vocês só vieram ao mundo para trabalhar com isso”, teria dito Orcídia. Dez dias depois, em 7 de novembro, a faxineira retornou à delegacia e informou que continuava sendo alvo de ofensas racistas da condômina.

Em outro áudio atribuído à moradora, é possível ouvi-la chamando uma mulher de “nega do cabelo duro”. Ouça abaixo.

Diante da repercussão das ofensas racistas, a administração do condomínio emitiu uma nota entre os condôminos, repudiando as falas da moradora.

“Ressaltamos que a administração deste condomínio repudia veementemente qualquer ato de discriminação e racismo, nada justifica esse comportamento. O condomínio e a empresa terceirizada estão prestando todo o suporte necessário para que a funcionária receba justiça e que as providências legais sejam tomadas. O caso já está sendo acompanhado pelas autoridades competentes, com apoio das testemunhas que presenciaram o lamentável episódio. Contamos com o apoio de todos para que possamos manter um ambiente de respeito, dignidade e harmonia para todos os moradores e colaboradores.”

Trecho da nota emitida pela administração do condomínio.

A reportagem questionou a Polícia Civil sobre o andamento das duas denúncias, mas ainda não obteve retorno.

O que diz a moradora

Ao Primeira Página, Orcídia classificou as acusações como “falsas e infundadas” e disse ser alvo de perseguição no condomínio onde reside. “Acredito que tais alegações têm como objetivo me caluniar e difamar injustamente”, afirmou em nota.

Orcídia também nega ter proferido ofensas racistas contra a zeladora do prédio.

Confira a nota da moradora na íntegra:

“Venho, por meio desta, esclarecer que as acusações feitas contra mim são absolutamente falsas e infundadas. Estou sendo vítima de perseguição no condomínio onde resido, e acredito que tais alegações têm como objetivo me caluniar e difamar injustamente. Sou uma pessoa que sempre respeitou os direitos e a dignidade de todos, e repudio veementemente as acusações que me foram imputadas. Ressalto que já estou tomando as medidas legais necessárias para responsabilizar aqueles que estão promovendo essas acusações caluniosas. Confio que a verdade prevalecerá e reafirmo meu compromisso com a Justiça e o respeito mútuo. Qualquer outro questionamento só será respondido judicialmente. Atenciosamente.”



Fonte do Texto

VEJA MAIS

Donald Trump discursa em último comício antes da posse em Washington

O presidente eleito Donald Trump discursa sobre sua vitória na eleição presidencial americana em um…

Deslizamento de terra deixa família soterrada em Manaus

Uma família ficou soterrada após um deslizamento de terra em Manaus, capital do Amazonas, na…

Confira quais são os 5 livros mais vendidos em janeiro de 2025

A leitura se mantém como um hábito valioso para muitas pessoas, e 2025 promete ser…