Diretor de hospital em Gaza denuncia ataque “catastrófico” de Israel

CNN Brasil


O Exército de Israel atacou o Hospital Kamal Adwan no norte da Faixa de Gaza com pesados ​​bombardeios terrestres e aéreos durante a noite de quinta (12) para sexta-feira (13), de acordo com o diretor da unidade, que classificou a ofensiva como uma barragem “catastrófica”.

As forças israelenses lançaram bombas e feriram pelo menos três funcionários da unidade, incluindo um que havia sido ferido pelo menos duas vezes antes, relatou o doutor Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, à CNN nesta sexta.

“Esta noite foi uma das mais difíceis”, disse Abu Safiya em uma mensagem de voz, que foi pontuada pelo som do bombardeio. A área ao redor do hospital foi alvo de ataques intensos esta semana.

A ofensiva arrancou portas e janelas de um lado do hospital, afirmou Abu Safiya, acrescentando que tanques de água “foram levados pela intensidade da explosão”.

“Até agora, bombardeios pesados ​​persistem durante toda a noite, acompanhados pela destruição contínua de edifícios”, acrescentou.

“É uma cena catastrófica, com ataques aéreos e bombardeios de artilharia ocorrendo com intensidade e frequência sem precedentes”, concluiu.

O Exército atirou no Hospital Kamal Adwan diariamente e invadiu a instalação pelo menos seis vezes desde 5 de outubro, pontuou Abu Safiya à CNN.

As forças israelenses dizem que os ataques no norte de Gaza tem como alvo o Hamas, que teria voltado para a região. Os militares alegam ainda que o Hamas usa hospitais para suas operações militares, algo que o grupo palestino nega.

A CNN não pode verificar nenhuma das alegações de forma independente.

A CNN entrou em contato com o exército israelense sobre as acusações de Abu Safiya e aguarda retorno.

Agência de Israel fala sobre combates no norte de Gaza

Nesta sexta-feira, a COGAT, agência de ajuda de Israel, disse que “combates intensos estão ocorrendo em certas áreas do norte da Faixa de Gaza entre as Forças de Defesa de Israel (FDI) e organizações terroristas que operam na área”.

Um palestino caminha entre escombros de edifícios, destruídos durante a ofensiva militar de Israel em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza • 12/06/2024 REUTERS/Mahmoud Issa

A COGAT pontuo que os militares israelenses “permitiram e facilitaram a retirada de pacientes, acompanhantes e funcionários” do Hospital Kamal Adwan para outros centros de saúde nas partes norte e sul da faixa.

A agência acrescentou ainda que “esforços foram feitos para facilitar e coordenar a entrega de suprimentos ao hospital, incluindo alimentos, água, equipamentos médicos e combustível”.

Restrições de ajuda humanitária em Gaza

Agências humanitárias alertaram que apenas parte da ajuda necessária chegou aos bairros e hospitais no norte de Gaza.

As restrições de ajuda sustentadas de Israel deixaram entre 65 mil a 75 mil moradores sem acesso a alimentos, água, eletricidade ou assistência médica confiável, informou a agência da ONU para refugiados da Palestina (UNRWA) em 12 de dezembro.

Na quinta-feira, o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que as autoridades israelenses negaram repetidamente o acesso humanitário ao Hospital Kamal Adwan, onde pelo menos 96 pacientes e equipe de saúde “precisam urgentemente de apoio”.

“A Organização Mundial da Saúde foi negada três vezes nos últimos quatro dias para acessar o hospital para entregar suprimentos médicos e combustível; transferir pacientes críticos para o Hospital Al-Shifa; e enviar uma equipe médica de emergência internacional”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus em uma postagem no X.

“As hostilidades continuam. Hoje, um enfermeiro foi morto em um ataque enquanto estava a caminho de Kamal Adwan”, acrescentou.

Na quinta-feira, um importante cirurgião ortopédico, o doutor Saeed Jouda, foi morto enquanto viajava perto do Hospital Kamal Adwan no norte de Gaza, de acordo com o hospital.

A CNN perguntou aos militares israelenses sobre a morte de Jouda e aguarda resposta.

Entenda o conflito na Faixa de Gaza

Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.

O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.

Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.

A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.

A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.

*Dana Karni, da CNN, contribuiu com a reportagem



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