Um acordo para interromper a guerra de 14 meses em Gaza e libertar reféns mantidos no enclave palestino pode ser assinado nos próximos dias, disseram fontes informadas sobre as negociações no Cairo nesta terça-feira (17).
A administração dos EUA, com mediadores do Egito e do Catar, fez avanços nas conversas nos últimos dias antes que o presidente Joe Biden deixe o cargo no próximo mês.
“Acreditamos – e os israelenses disseram isso – que estamos chegando mais perto, e sem dúvida, acreditamos nisso, mas também somos cautelosos em nosso otimismo”, disse o porta-voz da Casa Branca John Kirby em uma entrevista à Fox News.
“Já estivemos nessa posição antes, onde não fomos capazes de cruzar a linha de chegada”, ele acrescentou.
As fontes disseram que um acordo de cessar-fogo pode estar a dias de distância, o que interromperia os combates e devolveria os reféns presos pelo Hamas em Gaza em troca de prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses.
O diretor da CIA William Burns, um negociador-chave dos EUA, deveria estar em Doha nesta quarta-feira (18) para conversas com o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, sobre como preencher as lacunas restantes entre Israel e o Hamas, disseram outras fontes bem informadas à Reuters.
A CIA não quis comentar.
O Hamas disse em uma declaração que um acordo era possível se Israel parasse de estabelecer novas condições. Uma autoridade palestina próxima aos esforços de mediação afirmou que as negociações eram sérias, com discussões em andamento sobre cada palavra.
Fontes informadas sobre a reunião disseram que Netanyahu estava a caminho do Cairo, mas uma declaração do gabinete de Netanyahu relatou que ele teve uma reunião nesta terça-feira com altos oficiais militares e de segurança no Monte Hermon, um local estratégico dentro da Síria.
Separadamente, seu porta-voz enviou uma mensagem a correspondentes israelenses para dizer: “O primeiro-ministro não está no Cairo.”
Duas fontes de segurança egípcias disseram que Netanyahu não estava no Cairo “neste momento”, mas que uma reunião estava em andamento para trabalhar nos pontos restantes, o principal deles uma demanda do Hamas por garantias de que qualquer acordo imediato levaria a outro acordo abrangente mais tarde.
As fontes egípcias disseram que estavam progredindo e sentiram que a noite desta terça-feira poderia ser decisiva para definir os próximos passos.
Netanyahu foi dispensado na terça-feira de dar depoimento previamente agendado em seu julgamento por corrupção. Ele se encontrou em Israel na segunda-feira com Adam Boehler, designado pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para ser seu enviado especial para assuntos de reféns.
Em uma entrevista coletiva na Flórida na segunda-feira, Trump reiterou ameaças para o Hamas libertar os reféns até 20 de janeiro, o dia em que ele tomar posse.
Mais tarde, Trump disse que se nenhum acordo de cessar-fogo for alcançado até o momento em que ele tomar posse, “não será agradável”. Ele não deu mais detalhes.
Autoridades dos EUA e de Israel expressaram crescente otimismo de que as negociações mediadas pelo Egito e pelo Catar poderiam produzir um acordo até o final do mês, mas também alertaram que as negociações poderiam fracassar.
Negociadores israelenses estavam em Doha na segunda-feira buscando preencher as lacunas entre Israel e o Hamas em um acordo que Biden delineou em maio.
Houve repetidas rodadas de negociações no ano passado, todas as quais terminaram em fracasso, com Israel insistindo em manter uma presença militar em Gaza e o Hamas se recusando a libertar reféns até que as tropas se retirassem.
A guerra em Gaza, desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas em comunidades no sul de Israel que matou cerca de 1.200 pessoas e levou mais de 250 sequestradas como reféns, impactou todo Oriente Médio.
A campanha de Israel matou mais de 45 mil palestinos, deslocou a maior parte da população de 2,3 milhões e reduziu grande parte do enclave a ruínas.
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Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.
Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.
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