Papa chama de “crueldade” bombardeios em Gaza após crítica de ministro de Israel


O Papa Francisco condenou novamente os ataques aéreos israelenses em Gaza, um dia depois de um ministro do governo israelense ter denunciado publicamente o pontífice por sugerir que a comunidade global deveria estudar se a ofensiva militar ali constitui um genocídio do povo palestino.

Francisco abriu seu discurso anual de Natal aos cardeais católicos que lideram os vários departamentos do Vaticano com o que parece ser uma referência aos ataques aéreos israelenses na sexta-feira (20) que mataram pelo menos 25 palestinos em Gaza.

“Ontem, as crianças foram bombardeadas”, disse o papa. “Isso é crueldade. Isto não é guerra. Eu queria dizer isso porque toca o coração.”

O papa, como líder da Igreja Católica Romana, que tem 1,4 bilhão de membros, costuma ter cuidado em tomar partido nos conflitos, mas recentemente falou mais abertamente sobre a campanha militar de Israel contra o grupo militante palestino Hamas.

Em excertos de livro publicados no mês passado, o pontífice disse que alguns especialistas internacionais disseram que “o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio”.

O ministro israelense para Assuntos da Diáspora, Amichai Chikli, criticou duramente esses comentários em uma inusitada carta aberta publicada pelo jornal italiano Il Foglio na sexta-feira (20). Chikli disse que as observações do papa equivaliam a uma “banalização” do termo genocídio.

Francisco também disse no sábado que o bispo católico de Jerusalém, conhecido como um patriarca, tentou entrar na Faixa de Gaza na sexta-feira (20) para visitar os católicos lá, mas teve a entrada negada.

O escritório do patriarca disse à Reuters que não pode comentar as observações do papa sobre a entrada negada ao patriarca.

Os militares israelenses disseram neste sábado (21) que a entrada do patriarca foi aprovada e ele entraria em Gaza no domingo, salvo quaisquer questões de segurança importantes. A ajuda do escritório do patriarca entrou na semana passada, disseram os militares.

Israel permite que clérigos entrem em Gaza e “trabalha em cooperação com a comunidade cristã para facilitar a situação da população cristã que permanece na Faixa de Gaza – incluindo coordenar sua remoção da Faixa de Gaza para um país terceiro”, disse uma declaração dos militares.

A guerra começou quando militantes palestinos liderados pelo Hamas atacaram comunidades do sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas, principalmente civis, e levando mais de 250 reféns para Gaza, segundo as autoridades israelenses.

A campanha de retaliação de Israel, que diz ter como objetivo eliminar o Hamas, matou mais de 45 mil pessoas, na sua maioria civis, segundo as autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. A campanha deslocou quase toda a população e deixou grande parte do enclave em ruínas.



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