Putin é “desumano”, diz Zelensky após ataques da Rússia à rede elétrica no Natal

CNN Brasil


A Rússia lançou um ataque “desumano” à infraestrutura energética da Ucrânia no dia de Natal, com explosões relatadas em todo o país, disse o presidente Volodymyr Zelensky.

É a décima terceira vez neste ano que a Rússia realiza um grande ataque à rede elétrica da Ucrânia, de acordo com a DTEK, a maior fornecedora de energia do país, enquanto a guerra avança para um terceiro inverno.

“Todo ataque russo massivo requer tempo para preparação. Nunca é uma decisão espontânea. É uma escolha deliberada – não apenas de alvos, mas também de tempo e data”, afirmou Zelensky.

“Hoje, Putin escolheu deliberadamente o Natal para um ataque. O que poderia ser mais desumano?”, questionou.

A Rússia lançou mais de 70 mísseis nesta quarta-feira, incluindo mísseis balísticos, e mais de 100 drones de ataque visando a infraestrutura energética da Ucrânia, segundo o chefe de Estado, que acrescentou que mais de 50 mísseis foram abatidos junto com um número “significativo” de drones.

“Infelizmente, há acertos. Até agora, há apagões em várias regiões”, ponderou.

Pelo menos uma pessoa morreu nos ataques na região oriental de Dnipropetrovsk, enquanto outras seis ficaram feridas em Kharkiv — a menos de 32 quilômetros da fronteira russa —, segundo a polícia nacional da Ucrânia.

As autoridades destacaram que prédios residenciais e infraestrutura civil foram danificados no ataque. Pelo menos sete ataques de mísseis atingiram a cidade, de acordo com o governador regional Oleh Syniehubov.

Meio milhão de lares ficaram sem aquecimento na região de Kharkiv em temperaturas de 3 °C. Kiev impôs apagões rotativos para estabilizar a rede, informou a DTEK.

Mudança da data do Natal na Ucrânia

Antes de 2023, a maioria dos ucranianos celebrava o Natal em 7 de janeiro, sob o calendário juliano da igreja.

Porém, no ano passado, Zelensky assinou uma lei mudando formalmente a data, como uma forma de distanciar ainda mais o país das tradições da Igreja Ortodoxa Russa – e alinhá-la com grande parte do resto da Europa.

A Ucrânia criou sua própria Igreja Ortodoxa independente em 2018, separando-se da Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC) afiliada a Moscou. Desde então, a filiação religiosa tem sido cada vez mais vista como um símbolo de lealdade nacional.

O feriado agora é celebrado pelos cristãos ortodoxos ucranianos em 25 de dezembro.

Entenda a guerra entre Rússia e Ucrânia

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.

Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.

Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.

As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.

O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.

A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.

O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.



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