A Rússia declarou emergência federal na quinta-feira (26) devido a um vazamento de óleo causado por dois petroleiros russos no Mar Negro, informou o Ministério de Emergências.
Os petroleiros foram atingidos por uma tempestade em 15 de dezembro. Um deles se partiu ao meio e o outro encalhou.
O vazamento resultante cobriu praias de areia em Anapa e arredores, um resort popular, causando sérios problemas para a vida selvagem, incluindo aves marinhas, golfinhos e botos. Mais de 10 mil pessoas estão trabalhando na limpeza.
Entenda o caso
Um petroleiro russo transportando milhares de toneladas de produtos petrolíferos se partiu durante uma forte tempestade no domingo (22), derramando óleo no Estreito de Kerch, passagem marítima que liga o Mar Negro ao Mar de Azov, enquanto outro petroleiro também estava em situação de risco após sofrer danos, informaram autoridades russas.
As embarcações estavam na via marítima, entre o território continental da Rússia e a Crimeia, que a Rússia anexou da Ucrânia em 2014, quando emitiram sinais de socorro.
Investigadores russos abriram dois casos criminais para investigar possíveis violações de segurança após pelo menos uma pessoa morrer quando o petroleiro Volgoneft 212, de 136 metros, com 15 pessoas a bordo, se partiu ao meio, e teve a proa afundada.
Imagens exibidas na mídia estatal mostraram ondas quebrando sobre o convés da embarcação.
O navio com bandeira russa, construído em 1969, sofreu danos e encalhou, disseram as autoridades.
Um vídeo não verificado postado no Telegram mostrou águas escurecidas em meio ao mar revolto e um petroleiro parcialmente submerso.
O segundo navio com bandeira russa, o Volgoneft 239, de 132 metros, estava à deriva após sofrer danos, informou o Ministério de Emergências. Ele tem uma tripulação de 14 pessoas e foi construído em 1973.
Desastre ecológico
Quatro dias após o acidente, o presidente russo Vladimir Putin disse que o vazamento é um desastre ecológico.
Dezenas de voluntários se uniram para retirar as toneladas de óelo da costa russa do Mar Negro.
Na beira do mar, os voluntários encheram sacos brancos com óleo e areia escurecida, que seriam transportados em caminhões, enquanto mais piche viscoso era levado pelas ondas.
“Eu nunca vi nada parecido. Nem consigo imaginar. Parece-me que a natureza será afetada por muitas décadas”, disse uma das voluntárias, uma mulher que se identificou apenas como Tatiana.
“Mesmo quando você remove a camada superior de areia, ao pisar nela, afunda, porque ainda há óleo debaixo da areia.”
Os voluntários montaram um centro de resgate para aves marinhas atingidas, como os corvos-marinhos, que agitavam as asas em agonia enquanto o óleo era limpo de suas penas e seringas eram usadas para alimentá-los. O chefe do centro, Evgeniy Vitishko, disse que cerca de 500 aves foram tratadas, mas mais de 30 morreram.
Rota essencial para a exportação de grãos e petróleo da Rússia
O Estreito de Kerch é uma rota estratégica para exportações de grãos russos e também é utilizado para exportação de petróleo bruto, óleo combustível e gás natural liquefeito.
Em setembro, a Ucrânia acusou a Rússia em um tribunal internacional de desrespeitar as leis marítimas ao tentar manter o controle exclusivo do Estreito de Kerch, acusação que Moscou rejeita.
Os serviços de emergência informaram que uma pessoa morreu no naufrágio do primeiro petroleiro e outras 12 foram retiradas. Segundo a agência de notícias TASS, Alexei Kuznetsov, assessor do ministro da Saúde, afirmou que 11 dessas pessoas foram hospitalizadas, duas em estado grave.
O Ministério de Emergências relatou que ainda mantinha contato com o outro petroleiro e sua tripulação, depois que o navio encalhou a 80 metros da costa, próximo ao porto de Taman, no extremo sul do Estreito de Kerch.
Mais tarde, o ministério escreveu no Telegram que os esforços para retirar a tripulação do segundo navio, o Volganeft 239, foram suspensos devido ao mau tempo.
O ministério afirmou que as equipes de resgate estavam em contato com o navio, que tinha a bordo todos os recursos necessários para garantir a segurança da tripulação.
Ambos os petroleiros têm capacidade de carga de cerca de 4.200 toneladas de produtos petrolíferos.
Declarações oficiais não forneceram detalhes sobre a extensão do vazamento ou por que um dos petroleiros sofreu danos tão graves.
O presidente Vladimir Putin ordenou ao governo a criação de um grupo de trabalho para lidar com a operação de resgate e mitigar o impacto do vazamento de combustível, segundo agências de notícias que citaram o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, após Putin se reunir com os ministros de emergências e do meio ambiente.
A Rússia informou que mais de 50 pessoas e equipamentos, incluindo helicópteros Mi-8 e rebocadores de resgate, foram enviados à área.