A oposição da Venezuela afirmou que a líder María Corina Machado foi liberada após ter sido sequestrada nesta quinta-feira (9). Juan Pappier, diretor da Human Rights Watch para as Américas, também informou que ela foi solta.
“Durante seu sequestro, ela foi forçada a gravar vários vídeos e depois foi liberada. Nas próximas horas, ela se dirigirá ao país para explicar os acontecimentos”, adicionaram.
O ministro da Informação do governo da Venezuela, Freddy Ñáñez, afirmou que as notícias sobre a detenção de Machado eram “distração da mídia”.
“A tática de distração da mídia não é nova, portanto ninguém deve se surpreender. Menos ainda vindo de fascistas que são os arquitetos do engano. Há poucos minutos, a direita vendeu a ideia de que [Machado] havia sido atacada e detida por ‘motociclistas do regime””, pontuou o ministro no Telegram.
Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, ironizou o caso em uma publicação nas redes sociais, chamando o suposto sequestro de “espetáculo” e que os protestos convocados pela oposição falharam.
“Quem faria tal espetáculo para encobrir o fracasso retumbante de sua decisão hoje? A louca não precisou de microfone para se fazer ouvir. Um apito foi suficiente diante de tão baixo comparecimento”, disse, em referência a Machado.
Edmundo González, que disputou a Presidência com Nicolás Maduro e a oposição diz ser o verdadeiro eleito, afirmou que o fato de ela “estar livre não minimiza o fato de que o que aconteceu foi ela ter sido sequestrada em condições de violência”.
Protestos em Caracas
Grupos de manifestantes se reuniram em Caracas, capital da Venezuela, nesta quinta-feira (9), véspera da posse de Nicolás Maduro.
Em várias partes da cidade multidões de apoiadores da oposição pediram “liberdade”. Os apoiadores também foram vistos segurando cartazes de “González Presidente” e usando vuvuzelas.
Enquanto isso, no maior bairro da Venezuela, Petare, os apoiadores de Maduro também se reuniram no que eles chamam de “marcha pela paz e alegria”.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
*com informações da CNN Internacional