Países europeus se preocupam com possível interferência das redes sociais em eleições de 2025


Lula convocou para esta sexta (10), uma reunião sobre as mudanças no sistema de checagem de fatos da Meta. O presidente e outras figuras do governo criticaram a decisão que mudou as políticas das redes sociais da empresa.

A companhia atualizou as políticas de suas redes sociais em português. O novo texto permite a associação de doenças mentais à orientação sexual. Para a empresa, conduta de ódio é definida como ataques diretos a pessoas, não a conceitos e instituições.

A Meta se comprometeu, entretanto, a remover informações falsas caso contribuam diretamente para o risco de lesão corporal iminente. Também serão retirados conteúdos que alterem, de forma direta, o funcionamento de processos políticos dos países.

Nesta quinta-feira, o governo brasileiro subiu o tom contra as mudanças da empresa.

O presidente Lula classificou a mudança como extremamente grave. “O que nós queremos é que cada país tenha sua soberania resguardada.”, disse em entrevista à jornalistas.

O vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu a regulamentação das big techs e destacou que as plataformas precisam ser responsabilizadas. Segundo Alckmin, as empresas só poderão operar no Brasil caso sigam a legislação.

As visões europeias

Representantes canadenses, europeus e australianos também repudiaram o fim da checagem de fatos nas redes da Meta. Na Alemanha, cresce a preocupação com uma possível interferência das redes sociais nas eleições.

Nesta quinta (9), Elon Musk realizou uma transmissão com Alice Weidel, candidata à chancelaria pelo partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, diz que rejeita a postura do empresário. “O fator decisivo é que o Sr. Musk apoiou um partido que é, em parte, de extrema-direita e, como podemos ver, não está ativo apenas nessa direção neste país. E isso é algo com o qual não apenas discordamos.”, afirmou em entrevista nesta semana.

O primeiro-ministro da França, Emmanuel Macron, reiterou que Musk está interferindo em processos eleitorais europeus. “Dez anos atrás, se nos dissessem que o proprietário de uma das maiores redes sociais do mundo apoiaria uma nova onda reacionária internacional e interviria diretamente em eleições, inclusive na Alemanha, quem teria imaginado? Este é o mundo em que vivemos e com o qual estamos lidando no campo da diplomacia.”, disse o premiê.

O empresário já havia acenado ao AfD e criticado a gestão do primeiro-ministro Olaf Scholz. Musk afirmou que somente o partido pode salvar o país.

Líderes da União Europeia pediram que o bloco use meios legais caso Musk declare apoio à candidata, o que fere as regras de tecnologia da UE sobre interferência eleitoral.

Segundo pesquisa do instituto YouGov, 59% dos alemães acreditam que o suporte do empresário irá beneficiar o AfD no pleito de fevereiro.

* com informações da Reuters



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