“Cada país sabe o quanto pode cortar”, diz professor sobre emissões de CO2

CNN Brasil


“Agora, cada país sabe efetivamente o quanto pode (cortar). Só que tem que pensar, fazer a mesma conta, e ver quanto a mais vai poder se restringir”, alerta o professor Tércio Ambrizzi, professor da USP. Tércio é o convidado desta semana do CNN Entrevistas.

Na entrevista, Tércio defende que os países terão que se comprometer com metas de corte de emissões de CO2 muito mais rigorosas para conseguir manter a temperatura dentro de um patamar razoável.

A declaração encontra amparo em um dado divulgado na sexta-feira (10). O Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), a agência europeia do clima, confirmou que 2024 foi o ano mais quente da história e o primeiro que rompeu a marca de 1,5 graus de aumento na temperatura média da Terra, em relação aos níveis pré-industriais. A marca supera o estabelecido no Acordo de Paris como o máximo tolerável.

Porém, a agenda ambiental esbarra nos interesses econômicos e políticos, num mundo que caminha para a adoção de um protecionismo prejudicial ao debate climático.

A volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos está no radar dos ambientalistas e climatologistas, que apostam em dificuldades nos avanços da pauta verde global. O temor tem como base o discurso da vitória do republicano – no qual a exploração de petróleo foi defendida – e o primeiro mandato de Trump, quando os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris, que completa 15 anos em 2025, sob a ameaça de uma nova retirada americana.

Tercio Ambrizzi avalia que, apesar do discurso adotado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, as ações do novo governo não devem ser tão radicais, já que uma mudança dessa agenda tem implicações econômicas. “Eu não acredito que, de uma forma ou de outra, ele (Trump) vai querer se isolar tanto assim. Porque os Estados Unidos vão ser prejudicados do ponto de vista comercial. A China já tem o grande produtor de painéis fotovoltaicos, já tinha o de motores e hélices para energia eólica. Então, na verdade, se eles (EUA) fizerem, se Trump tomar essa decisão, ele vai prejudicar demais a economia americana”, pondera.

A oportunidade do Brasil

Mas os obstáculos não se limitam aos interesses de um país. O saldo da COP 29, realizada em Baku, no Azerbaijão, veio muito abaixo da perspectiva mais pessimista, com pouquíssimos avanços e travas relacionadas, principalmente, ao financiamento climático e aos debates sobre transição energética.

Esse cenário adverso dá ao Brasil uma responsabilidade ainda maior na agenda ambiental, já que, em 2025, o país será a sede da Conferência do Clima sobre as mudanças climáticas das Nações Unidos. Belém, no Pará, recebe o encontro com o desafio de promover avanços em discussões que ficaram pendentes no ano passado.

É, ao mesmo tempo, a possibilidade do Brasil ganhar protagonismo como liderança mundial na luta pela mitigação dos efeitos dos gases de efeito estufa e pela preservação do meio ambiente. “A COP30 vai ser a mais importante desde a COP de Paris (…) Talvez, nós tenhamos a oportunidade de fazer, de ter alguma coisa dos países em termos de ação mesmo”, avalia Tércio Ambrizzi. Ele ainda reforça que o Brasil tem vantagem nesse debate climático devido aos recursos naturais disponíveis no país.

Portanto, cabe ao Brasil ditar os rumos dessa agenda e servir de exemplo para que a COP da Floresta – como a COP 30 vem sendo chamada – seja histórica. O mundo e as gerações futuras agradecem.



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