À CNN, procurador-geral da Venezuela nega prisão de María Corina Machado


O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, é um dos personagens mais temidos do país. Responsável pelo Ministério Público venezuelano, o advogado de 62 anos que já foi governador e deputado pelo chavismo está no centro das atenções por ser o responsável pelas emissões de mandados de prisão contra opositores.

Nicolás Maduro tomou posse na sexta-feira (10) em Caracas em meio a um cenário de turbulência política, no qual enfrenta contestações sobre resultado da eleição realizada em julho do ano passado e acusações de violência contra opositores.

Em entrevista exclusiva à CNN na última sexta-feira (12), logo após a cerimônia de posse de Nicolás Maduro, Saab nega que a líder opositora María Corina Machado tenha sido presa.

“É mais um capítulo de uma longa e já chata novela na qual ela sempre, infelizmente, se vitimiza, inventando, simulando circunstâncias que não ocorrem”, expressou, sobre um vídeo no qual a opositora diz que após uma manifestação no dia anterior, foi interceptada pela Polícia Bolivariana, colocada em uma moto entre dois homens e posteriormente libertada. Ela disse ainda que um dos motoqueiros que a acompanhava foi ferido por disparos dos agentes.

Saab aponta para a falta de provas de que o episódio realmente aconteceu. “Diga-me onde está o vídeo, as fotos, o áudio, que testemunhem de maneira gráfica, fotográfica e audiovisual, com as testemunhas de referência, que supostamente têm que haver, dessa falsa prisão que a senhora María Corina Machado expressa que ocorreu no dia de ontem”, manifesta.

Maduro tomou posse nesta sexta (10) em um ato esvaziado de presidentes de outras nações – dos presidentes da América Latina, estavam presentes somente Miguel Díaz-Canel, de Cuba, e Daniel Ortega, da Nicarágua – em uma mostra da falta de reconhecimento internacional da reeleição do líder chavista.

Países como o Brasil e a Colômbia decidiram só reconhecer os resultados do pleito após a divulgação das atas eleitorais com os resultados detalhados da votação. Outros, como o Chile e os Estados Unidos, reconhecem González como o vencedor.

A promessa do ex-candidato opositor – que deixou o país após ter um mandado de prisão emitido contra ele – de que voltaria à Venezuela para tomar posse somou tensão à cerimônia. Ex-presidentes da região, como Andrés Pastrana da Colômbia, afirmaram que iriam com ele. Mas nada disso aconteceu.

Em vídeo, González diz que entraria na Venezuela no momento adequado, já que o governo acionou todo seu aparato de defesa para impedir sua entrada no país. Para Saab, a desistência e a posse de Maduro são mostra da “derrota de tudo” o que a oposição prometeu para a população.

“Onde ficou a bravata desse senhor que jurou até ontem de noite que entraria de qualquer maneira e que iria chegar a jurar na Assembleia Nacional? Como fica? Fica como o que é, um farsante, um covarde”, critica.

O mandado de prisão contra González foi emitido pela Justiça a pedido do Ministério Público liderado por Saab, após o opositor faltar a três intimações para depor. Ele passou a ser investigado no país pela publicação de um site com as atas eleitorais que a oposição diz ter recebido dos seus fiscais partidários, e que dão a vitória a ele.

Apesar do mandado contra González, Saab afirma que não há ordem de prisão contra Machado, o requisito para sua detenção.

Questionado sobre se houve mandados de prisão contra o genro de González, Rafael Tudares, e Carlos Correa, diretor da Organização Governamental Espacio Público, que foram presos na última terça (7), ele afirma que sim: “Claro, e estão processados por crimes vinculados a tudo o que implicou a desestabilização principalmente após 28 de julho. Não somente essas pessoas, aqui tem mais de 140 mercenários estrangeiros detidos”, diz.

A esposa de Tudares e a filha de Edmundo González, Mariana González, no entanto, negam as acusações: “Respondemos enfaticamente que Rafael não está relacionado direta ou indiretamente com assuntos políticos, nem participou de modo algum com os fatos que tentaram atribuir a ele e, em geral, não participou de nenhuma situação que possa supor caráter penal ou delito. Rafael é inocente e reivindicamos seu direito à presunção de inocência estabelecido pela Constituição”, expressa.

Saab defende que os mais de 2.000 presos no contexto dos protestos pós-eleitorais participaram de “atos violentos que ocasionaram 28 mortes, 500 bens destruídos, como hospitais, ambulâncias e viaturas policiais”. E ressalta que 1.515 deles foram soltos nas últimas semanas.

A organização Human Rights Watch, porém, afirma que a análise de parte dos homicídios indica que pode ter havido participação de forças de segurança ou pessoas vinculadas com o Estado.

Questionado pela reportagem sobre as diversas denúncias da oposição e de organizações de direitos humanos de prisões com agentes não identificados como integrantes de forças de segurança do Estado, muitas vezes encapuzados e vestidos de preto que chegam em carros sem placa, e da falta de confirmação efetiva durante horas após as prisões, Saab nega. Ele ressalta a própria trajetória em militância por direitos humanos, afirma que a realidade da Venezuela não condiz com a descrição, que qualifica como “infâmia” e “falsa”.

“Você está falando de um país que não é a Venezuela. Não sei se você está falando de um país que fica em algum outro continente, mas não está descrevendo a Venezuela. Essa é a narrativa de alguns grupos que utilizam a questão dos direitos humanos para seu benefício”, diz alegando que não seriam utilizados os mesmos parâmetros de grandes “grupos do poder mundial” para condenar ações de Israel contra Gaza.



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