Sobe para 78 o número de mortos em mina ilegal na África do Sul


Pelo menos 78 mineiros ilegais foram retirados mortos de uma mina sul-africana onde a polícia bloqueou o fornecimento de comida e água por meses no que os sindicatos descreveram como uma repressão “horrível” do estado contra pessoas desesperadas tentando sobreviver.

Até o momento 78 corpos e 166 sobreviventes — alguns deles magros e desorientados — foram retirados em uma operação de resgate ordenada pelo tribunal que começou na segunda-feira (13), com centenas de outros homens ainda presos 2 km abaixo da superfície em uma mina de ouro em Stilfontein, sudoeste de Joanesburgo.

A polícia havia impedido que suprimentos de comida e água fossem levados para a mina desde agosto até que um tribunal decidiu em dezembro que voluntários poderiam enviar ajuda essencial para os mineiros, conhecidos localmente como “zama zamas”.

“Nosso mandato era combater a criminalidade e é exatamente isso que temos feito”, declarou Athlenda Mathe, porta-voz nacional da polícia sul-africana.

“Ao fornecer comida, água e necessidades para esses mineradores ilegais, a polícia estaria entretendo e permitindo que a criminalidade prosperasse”, declarou ela.

As mortes tornam a repressão à mina de Stilfontein uma das mais mortais para mineradores na história recente da África do Sul. À medida que o número de mortos aumentava, também cresciam as críticas à polícia e ao governo, que diz que o cerco era parte de uma repressão muito necessária à mineração ilegal.

“Esses mineiros, muitos deles trabalhadores indocumentados e desesperados de Moçambique e outros países da África Austral, foram deixados para morrer em uma das mais horríveis demonstrações de negligência intencional do Estado na história recente”, exclamou a Federação Sul-Africana de Sindicatos em uma declaração na terça-feira (14).

A Aliança Democrática, o segundo maior partido na coalizão governante, ressaltou nesta quarta-feira (15) que a situação na mina tinha ficado “terrivelmente fora de controle” e pediu uma investigação independente.

Todos os 166 sobreviventes resgatados até agora foram imediatamente presos e acusados ​​de crimes, incluindo imigração ilegal, invasão de propriedade e mineração ilegal, relatou a polícia.

Nenhum foi hospitalizado e todos foram levados sob custódia policial.

“Se você sair e conseguir andar, eles o levarão direto para as celas”, explicou Mzukisi Jam, ativista da sociedade civil, que esteve no local durante toda a operação de resgate.

Métodos de resgate

Apenas dois corpos foram identificados e reivindicados por famílias, contou Mathe.

Os esforços de resgate estão em seu terceiro dia nesta quarta-feira (15), com uma gaiola de metal cilíndrica vermelha sendo abaixada na mina para buscar sobreviventes e cadáveres.

A gaiola pode levantar cerca de uma dúzia de pessoas de uma vez.

“Se você ficar nas laterais, poderá ver os corpos sendo retirados da gaiola e é incrivelmente angustiante”, exclamo Jessica Lawrence, do grupo de direitos civis Lawyers for Human Rights, que estava no local.

Mannas Fourie, CEO de uma empresa privada de resgate envolvida na operação, falou que cada viagem de ida e volta leva até 45 minutos.

“Mesmo os mineradores ilegais no fundo, estão muito ansiosos para entrar na gaiola, então estamos carregando o máximo de pessoas possível de uma vez e as trazemos para a superfície”, ressaltou à Rádio 702 de Joanesburgo.

A mineração ilegal custa ao governo sul-africano e à indústria de metais preciosos centenas de milhões de dólares por ano em vendas perdidas, impostos e royalties.

“É uma atividade criminosa e um ataque à nossa economia por estrangeiros, principalmente”, ressaltou o Ministro de Mineração Gwede Mantashe, falando no local na terça-feira (14).

A polícia disse que 1.576 mineiros sem licença saíram da mina por seus próprios meios antes do início da operação de resgate. Todos eles foram presos, e 121 já foram deportados para seus países de origem.

A maioria era de Moçambique. Muitos outros vieram do Zimbábue e Lesoto. Apenas 21 deles eram sul-africanos, contou a polícia.

Normalmente os zama zamas se mudam para minas abandonadas por mineradores comerciais e buscam extrair o que sobrou.

Alguns estão sob o controle de gangues criminosas violentas.

 



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