O presidente iraniano Masoud Pezeshkian chegou a Moscou na sexta-feira (17) para conversas com o presidente russo Vladimir Putin e a assinatura de um tratado de parceria estratégica envolvendo uma cooperação de defesa mais estreita, o que provavelmente preocupará o Ocidente.
Pezeshkian, em sua primeira visita ao Kremlin desde que conquistou a presidência em julho passado, manterá conversas com Putin com foco em laços bilaterais e questões internacionais antes de assinar o tratado.
Antes das negociações, o Kremlin elogiou seus laços cada vez mais próximos com Teerã.
“O Irã é um parceiro importante para nós, com o qual estamos desenvolvendo uma cooperação multifacetada”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.
Moscou cultivou laços mais estreitos com o Irã e outros países hostis aos EUA, como a Coreia do Norte, desde o início da guerra na Ucrânia, e já tem pactos estratégicos com Pyongyang e sua aliada Belarus, bem como um acordo de parceria estratégica com a China.
Não se espera que o acordo de 20 anos entre Rússia e Irã inclua uma cláusula de defesa mútua do tipo selada com Minsk e Pyongyang, mas ainda assim deve preocupar o Ocidente, que vê ambos os países como influências malignas no cenário mundial.
Moscou e Teerã dizem que seus laços cada vez mais próximos não são direcionados contra outros países.
A Rússia fez uso extensivo de drones iranianos durante a guerra na Ucrânia e os Estados Unidos acusaram Teerã em setembro de entregar mísseis balísticos de curto alcance à Rússia para uso contra a Ucrânia. Teerã nega fornecer drones ou mísseis.
O Kremlin se recusou a confirmar que recebeu mísseis iranianos, mas reconheceu que sua cooperação com o Irã inclui “as áreas mais sensíveis”.
A visita de Pezeshkian a Moscou também acontece em um momento em que a influência iraniana no Oriente Médio está em declínio depois que rebeldes islâmicos tomaram o poder na Síria, expulsando o aliado Bashar al-Assad, e depois que o Hamas, apoiado pelo Irã, foi bombardeado por Israel em Gaza.
Israel também infligiu sérios danos ao Hezbollah apoiado por Teerã no Líbano.
A Rússia também se encontra em desvantagem na Síria, onde mantém duas grandes instalações militares cruciais para sua influência geopolítica e militar no Oriente Médio e na África, mas cujo destino sob os novos governantes da Síria agora é incerto.
Putin se encontrou com Pezeshkian durante uma cúpula do Brics na cidade russa de Kazan em outubro e em um fórum cultural no Turcomenistão no mesmo mês.
Pezeshkian, que está conversando com o primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin antes de se encontrar com Putin, está acompanhado em Moscou por seu ministro do petróleo, e as sanções ocidentais ao setor e a questão de como contorná-las provavelmente serão discutidas.