O prefeito de Jenin, Mohammad Jarrar, na Cisjordânia ocupada, disse à CNN na segunda-feira (3) que o ataque israelense ao Campo de Refugiados de Jenin foi semelhante à guerra em Gaza, dizendo que destruiu 120 prédios e deslocou 15 mil pessoas.
“O que está acontecendo na cidade de Jenin e no campo de refugiados nas últimas duas semanas é semelhante ao de Gaza, mas em menor escala”, relatou Jarrar na segunda-feira.
Centenas de unidades residenciais compõem os 120 prédios destruídos, disse ele, observando que a destruição impactou milhares de famílias.
A autoridade descreveu cenas de devastação em meio à escassez de alimentos, água e medicamentos, pois os serviços foram interrompidos devido à operação. Ele acrescentou que o deslocamento deve aumentar ainda mais.
Israel lançou sua operação dois dias após o início do primeiro estágio do cessar-fogo em Gaza, apelidando-a de “Operação Muro de Ferro”.
O exército israelense declarou que a operação tinha como objetivo eliminar “terroristas e infraestrutura terrorista” e “garantir que o terrorismo não retorne ao campo após o término da operação — a primeira lição do método de ataques repetidos em Gaza”.
Mais de 40 palestinos foram mortos na Cisjordânia pelo exército israelense desde que a operação foi lançada, segundo o Ministério da Saúde palestino, relatando que 25 dessas pessoas eram de Jenin.
Dezenas de outros ficaram feridos, informou a pasta.
O Ministro das Finanças israelense Bezalel Smotrich, um nacionalista de extrema-direita que se opõe ao cessar-fogo Israel-Hamas, expressou em uma declaração de janeiro que a segurança na Cisjordânia havia sido adicionada aos “objetivos de guerra” do país.
Smotrich brincou publicamente com a ideia de deixar o governo israelense quando o cessar-fogo em Gaza foi anunciado, mas decidiu permanecer no gabinete após dizer que havia recebido garantias de Netanyahu sobre seu compromisso de continuar as operações militares de Israel na Cisjordânia e em Gaza.
Ação política na Cisjordânia
Jarrar disse à CNN que a operação militar em Jenin foi “política”, observando o desejo de alguns no governo israelense de anexar a Cisjordânia e encorajar os palestinos a emigrar do território.
O prefeito explicou que escolas podem ser abertas para receber pessoas deslocadas, como foi visto em Gaza durante a guerra de 15 meses.
“Hoje, o campo (de Jenin) é inabitável e exigiria grandes esforços de reconstrução para que se mantivesse de pé”, ressaltou, acrescentando que a “crise é enorme” e que moradias alternativas para os deslocados podem ser necessárias por cerca de seis meses.
Na semana passada, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou que as tropas israelenses permaneceriam no campo assim que a operação atual fosse concluída — uma mudança significativa na política de Israel.
O prefeito falou à CNN que a declaração do ministro é “preocupante” e levanta “muitas questões sobre o futuro da Cisjordânia, não apenas Jenin e seu campo”.
O que aconteceu com Jenin
Enquanto isso, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA na sigla em inglês) afirmou em uma declaração na segunda-feira (3) que “o campo de Jenin se tornou uma cidade fantasma”.
“Operações conduzidas por forças de segurança israelenses e palestinas levaram ao deslocamento forçado de milhares de moradores do campo, muitos dos quais agora não terão para onde retornar. O básico da vida se foi”, exclamou.
A agência continuou afirmando que, “as cenas chocantes de hoje na Cisjordânia minam o frágil cessar-fogo alcançado em Gaza e arriscam uma nova escalada”.