A Polícia Federal realiza, nesta quinta-feira (13), uma operação contra uma organização criminosa suspeita de tráfico internacional de drogas e fraudes milionárias no Programa Farmácia Popular.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos seis mandados de prisão, 26 de busca e apreensão, além de 28 medidas restritivas e o bloqueio de R$ 39 milhões em bens dos investigados. A operação ocorre no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Paraíba, Mato Grosso, Acre e Minas Gerais.
As investigações apontam que o grupo atuava no tráfico internacional de drogas e usava um esquema fraudulento com empresas do setor farmacêutico para lavar dinheiro e financiar suas atividades ilegais.
Os criminosos traziam drogas da Bolívia, Colômbia e Peru. Depois de entrarem com os entorpecentes no Brasil, revendiam a traficantes que operam no entorno do Distrito Federal e estão ligados a facções criminosas de alcance nacional.
A PF rastreou as movimentações financeiras dos investigados e descobriu que eles utilizavam um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, adquirindo 28 empresas do setor farmacêutico. Essas empresas eram usadas para fraudar o Farmácia Popular e desviar recursos públicos.
O Farmácia Popular é um programa do Governo Federal que subsidia a compra de medicamentos essenciais por meio de parceria com farmácias privadas. Os repasses ocorrem nas modalidades gratuita, em que os medicamentos são fornecidos sem custo à população e o governo cobre até 90% do valor do remédio.
Como agiam os criminosos
De acordo com a PF, a organização criminosa operava em cinco etapas:
- Adquiria farmácias cadastradas no Farmácia Popular que haviam encerrado suas atividades;
- Substituía os sócios das empresas, muitas vezes usando laranjas;
- Usava despachantes para regularizar a documentação junto ao programa;
- Falsificava registros de venda de medicamentos, incluindo produtos gratuitos e subsidiados;
- Com os dados alterados, recebia os repasses do governo, desviando os valores
Investigação e faturamento ilegal
As investigações começaram em 2022, após a prisão de dois criminosos que transportavam uma grande quantidade de cocaína com destino a Luziânia (GO), no entorno do Distrito Federal.
A partir da prisão, a polícia descobriu que a droga pertencia a um grande traficante da região, que chegou a ser candidato a vereador nas eleições municipais de 2024.
Segundo a PF, enquanto operavam de forma lícita, as farmácias investigadas recebiam até R$ 5 mil por mês do Farmácia Popular. Após a fraude, esses valores saltaram para uma média entre R$ 60 mil e R$ 90 mil mensais por estabelecimento.
As penas para os crimes investigados podem chegar a 35 anos de prisão.