Desde a tarde desta quinta-feira (13), amigos e colegas de trabalho de Vanessa Ricarte, que morreu aos 42 anos, vítima de feminicídio em Campo Grande, acompanham a cerimônia de despedida que ocorre na Câmara Municipal da capital. O corpo da jornalista chegou ao local do velório, às 20h18.
A profissional foi morta pelo ex-noivo, Caio Nascimento, na noite dessa quarta-feira (12) com três golpes de faca. O velório teve início logo após às 20h e tem duração prevista de duas horas.
Depois, o corpo de Vanessa será levado para Três Lagoas, onde deve ser enterrado próximo da família. Entre os presentes estão diversos jornalistas, que trabalharam direta ou indiretamente com a vítima nas redações de Campo Grande.
Para o amigo e ex-namorado Renan Nucci, Vanessa faz parte da história dele e ficam as boas lembranças dos momentos vividos juntos.
“É uma dor muito grande para mim. A gente se prepara para muita coisa na vida, a gente acha que está pronto para lidar com as adversidades, principalmente a gente que é homem, vai ficando mais velho, vai ganhando experiência, a gente acha que consegue lidar. Mas ninguém está preparado para enterrar um grande amor, ninguém está preparado para ver a pessoa que se amou por muito tempo dentro de um caixão”, desabafou.
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Ele conta que manteve um relacionamento com a vítima por cinco anos, mas em março do ano passado o casal decidiu seguir cada um seu caminho.
“A maior parte do tempo a gente estava junto e fomos companheiros um do outro, mas o desgaste, a teimosia, a gente acabou se separando no ano passado, perto da páscoa, e não nos falamos mais. Ficam as boas lembranças”, disse.
Para a colega de trabalho Nayara Xavier, que sentava ao lado da mesa de Vanessa no MPT (Ministério Público do Trabalho), onde ambas atuavam como assessoras de imprensa, além de profissional competente, a Ricarte trazia uma energia muito boa para o ambiente de trabalho.
“Nós trabalhamos lado a lado durante quase dois anos e ela sempre foi uma pessoa incrível, maravilhosa, sempre muito voltada com a sensação de direitos trabalhistas e uma colega, uma amiga, uma filha e uma pessoa que deixou um legado de muita luz pra todos nós. Fica um sentimento de indignação, um sentimento de luta por justiça social. A Vanessa hoje representa mais um rosto na nossa sociedade que foi vítima de um feminicídio, de um crime bárbaro e que requer a punição desse agressor.”, destacou.
A também jornalista Graziela Rezende, lembrou à reportagem os momentos de conquistas que comemorou junto de Vanessa, que sentia estar vivendo o auge da profissão.
“Quando eu comprei a minha casa, em 2013, eu convidei ela para um churrasquinho e a nossa amizade se estreitou ali. Ultimamente, quando ela entrou no Ministério do Trabalho, ela estava muito feliz. Ela mandou uma mensagem: ‘amiga, sugestão de pauta, vou mandar várias pautas para você, estou super feliz, me sentindo valorizada’. Ela falava sempre muito trabalho, esse sorriso dela transmitia o que ela tinha por dentro na sua vida profissional, era muito feliz”, pontuou.
No telão da Câmara Municipal, fotos em cores vibrantes representavam o que Vanessa sempre foi: alegre, bonita e rodeada de pessoas das quais gostava.
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O crime que matou Vanessa Ricarte
Vanessa foi brutalmente assassinada após procurar a Polícia Civil para denunciar o ex-noivo. A jornalista procurou a Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) pela primeira vez na madrugada de quarta-feira (12). Assim como as outras vítimas, Vanessa pediu medida protetiva, medida que foi concedida pela Justiça em menos de 24 horas, mas não foi o suficiente para salvá-la.
Ainda na tarde desta quarta-feira (12), ao retornar para casa, Vanessa foi atacada por Caio. Foram três golpes, todos no tórax. A Polícia Civil e a Polícia Militar foram acionadas por um amigo de Vanessa, que testemunhou o crime. Caio foi preso em flagrante, e Vanessa encaminhada para a Santa Casa, onde não resistiu; ela morreu no final da noite de ontem.
Basta
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- 🚨Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
- 🚨Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.
Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.
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