áudio revela atendimento na Deam antes de feminicídio


Poucas horas antes de ser assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, Vanessa Ricarte compartilhou com uma pessoa próxima áudios que revelam como foi o atendimento dela ao pedir medida protetiva contra o agressor na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). O Primeira Página teve acesso ao conteúdo, ouça abaixo.

⚠️Contextualização – Caio Nascimento, de 35 anos, matou Vanessa Ricarte com três facadas na região do tórax. A vítima foi à Deam solicitar medida protetiva contra o agressor, após conseguir escapar de uma situação de cárcere e privado. O agressor foi preso em flagrante pelo feminicídio.

Vanessa Ricarte: áudios revelam negligência

Vanessa Ricarte, jornalista (Foto: Redes Sociais)

Nos áudios, Vanessa relatou que havia acabado de deixar a delegacia, onde solicitou medidas protetivas contra Caio, e disse entender o “porquê de não ter acontecido nada com o Caio”, se referindo aos registros anteriores feito por ex-namoradas contra o agressor.

“Eu estou bem impactada com o atendimento da Deam, da Casa da Mulher Brasileira em si. Eu que tenho toda instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagine uma mulher vulnerável, sem ter uma rede de apoio nenhuma. Essas que são mortas, essas que vão para estatística do feminicídio. Estou me sentindo culpada porque fui registrar o BO hoje de madrugada”.

Vanessa Ricarte.

Ao tentar ter acesso às informações sobre o ex-noivo, foi informada que não poderiam passar nenhuma informação, pois isso “era sigiloso”. “Parece que tudo protege o cara, o agressor”, desabafou a vítima.

“Eu fui falar com a delegada, para tentar explicar toda a situação e ela me tratou bem prolixo, sabe? Bem fria, seca. Toda hora ela me cortava. Eu disse: ‘não, eu queria entender quem que é essa pessoa, ver o histórico dela’. Ela pegou e falou para mim que não podia passar o histórico dele, mas que eu já sabia porque ele mesmo tinha falado de agressões”.

Vanessa Ricarte.

caio nascimento 3

A jornalista contou, ainda, que Caio não conseguiria assinar a medida protetiva na terça-feira (12), quando foi expedida, porque seria necessária a presença de um oficial de justiça, pois seria necessário um mandado judicial.

“Hoje, por exemplo, não tem como ele [CAIO] assinar essa medida protetiva. Eu falei: ‘mas eu preciso ir para casa, tomar banho, dormir, trocar de roupa. Ela falou: ‘então vai para sua casa, você já avisou ele? manda uma mensagem para ele deixar a casa’. Eles não entendem a dimensão do negócio”.

Vanessa Ricarte.

Na gravação, a vítima relata que de qualquer forma teria que ir à residência, já que precisava buscar roupas. “Ele só vai preso se tiver flagrante”, relatou.

Em outra gravação, Vanessa relata que só teve dimensão de quem era o ex-noivo, após Caio realizar publicações expondo ela nas redes sociais. “Eu trabalho, sou independente, vou ligar no cartório para ver como faz o cancelamento”, se referindo ao casamento que estava às vésperas.

Vanessa finalizou o áudio poucas horas antes de chegar em casa:

“Eu só preciso dormir um pouco, porque não dormi, estava no banco do carro deitada. Dormi sentada. É o derradeiro final, porque não tem para onde ir”.

Vanessa Ricarte.

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Polícia Civil apura atendimento

O delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Lupérsio Degeroni Lúcio, emitiu posicionamento sobre o atendimento recebido por Vanessa Ricarte na Deam. Em vídeo gravado e divulgado à imprensa, o representante afirmou que um processo de sindicância será instaurado para apurar a situação. Veja o vídeo acima.

O Primeira Página também questionou a própria Deam sobre o atendimento, porém, nenhum retorno foi enviado ao portal. O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) foram questionados sobre a suspeita de negligência na rede de proteção às mulheres. Até a última atualização deste conteúdo, nenhum órgão havia respondido.

Em nota, o Ministério das Mulheres informando ter encaminhado ofício à Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul solicitando a abertura de procedimento investigativo para apurar o atendimento prestado à jornalista Vanessa Ricarte.

O Ministério destaca a divulgação dos áudios de Vanessa e pontua a possível omissão no serviço de atendimento recebido após as agressões. “O percurso não poderia ter ocorrido sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira”.

Ainda segundo a nota, uma equipe do Ministério das Mulheres chegará em Campo Grande, neste sábado (15), para “dialogar com representantes da rede de atendimento”.

Denuncie

⚠️ Violência doméstica, seja psicológica, física ou verbal, é crime! Saiba como denunciar:

  • 🚨Emergências: se a agressão estiver acontecendo, ligue no número 190 imediatamente;
  • 🚨Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
  • 🚨Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.

Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.

Violência contra mulher é crime e não pode ser ignorada. Basta, denuncie!



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