Um mutirão do Poder Judiciário em Luciara, 1.180 km de Cuiabá, realizou o sonho de Junre Kanela, uma jovem indígena de 20 anos que agora tem sua certidão de nascimento com um nome que honra suas raízes da etnia Kanela do Araguaia.
Antes chamada Myrella Pereira da Silva, Junre significa beija-flor em sua língua materna.
A mudança foi possível graças a um mutirão organizado pela juíza Silvana Fleury Curado, que ofereceu serviços como solicitação de segunda via de documentos e retificações cartorárias.
Junre aproveitou a oportunidade para trocar seu “nome de branco” pelo nome indígena, um direito garantido pela Resolução Conjunta CNJ/CNMP nº 12/2024.
“Fiquei sabendo do mutirão e fui. Foi bem simples, só precisei preencher um formulário e assinar uma declaração”, conta Junre, que agora se sente mais conectada com sua identidade e cultura.
A juíza Silvana Curado explica que o mutirão teve o objetivo de aproximar a população indígena de seus direitos e divulgar os Pontos de Inclusão Digital (PIDs).
“O caso da Junre Kanela mostrou justamente isso. Ela conseguiu alterar algo tão significativo que é o direito à personalidade”, afirma a magistrada.
A troca do nome foi celebrada por muitos, mas também criticada por outros. Junre conta que sua mãe a apoiou desde o início e que algumas pessoas já a chamavam pelo nome indígena há alguns anos. Agora, ela espera que todos se adaptem à sua nova identidade.
Junre está se mudando para Sinop, onde vai cursar Administração na Unemat. Ela espera que sua história inspire outros jovens indígenas a resgatarem suas raízes e lutarem por seus direitos.