Um dos 5 policiais militares alvos da Operação Office Crimes: A Outra Face, deflagrada pela Polícia Civil, nessa quinta-feira (6), o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos carrega no currículo a atuação como segurança do governador Mauro Mendes.
Contudo, segundo o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, coronel César Roveri, o policial acusado de envolvimento na morte do advogado Renato Nery, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), não estava nessa função à época do crime ocorrido no ano passado.
Wailson estava no cargo desde janeiro e havia sido exonerado da função um dia antes da operação, de acordo com o secretário.
Na época do assassinato de Renato Nery, em julho de 2024, Wailson trabalhava na Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas).
“Ele ficou lá (na Casa Militar) cerca de 20 a 30 dias, e, à época do crime, ele não trabalhava no governo. Não foi exonerado somente ele. Foram exonerados vários policiais em janeiro e fevereiro do Gabinete Militar”, argumentou.
A operação vazou?
A exoneração do cabo da PM um dia antes da operação da Polícia Civil gerou suspeitas de que a informação sobre a operação poderia ter sido vazada.
“Vários policiais entram e saem. É um serviço de proteção de dignitários, alguns policiais se adaptam, outros não, o que é natural em qualquer unidade da segurança pública”, disse.
O secretário ressaltou que a Polícia Civil tem autonomia para investigar quem quer que seja.
“Não há nenhum tipo de vazamento. Vazamento é para prejudicar algum tipo de investigação. A investigação foi prejudicada em quê? Todos os suspeitos presos, todas as ordens judiciais cumpridas. Tudo o que tinha que ser feito pela Polícia Civil de forma independente, autônoma e eficiente, foi feito”.
Ele citou o vídeo compartilhado pelo governador do estado, no qual ele reforça que o regime de “tolerância zero” contra a criminalidade vale para todos, inclusive para a polícia.
“Independentemente de ser funcionário público ou não. A Polícia Civil de Mato Grosso tem um índice de cerca de 90% de solução de homicídios. Então, nós estamos além da média nacional, uma efetividade e eficiência muito grande. O que a gente tem a dizer é que, qualquer crime que acontecer em Mato Grosso, a nossa polícia científica, politécnica e a nossa polícias Civil e Militar, através da inteligência também, estão preparados para dar resposta para a sociedade”, concluiu.
Confira a entrevista abaixo.
Desdobramentos da operação e prisões preventivas
Wailson é um dos cinco policiais da Rotam investigados e alvos da Operação Office Crimes: A Outra Face.
Além dele, os PMs Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wekcerlley Benevides de Oliveira, Heron Teixeira Pena Vieira, e um caseiro, também estão envolvidos no assassinato de Nery.
Heron teria contratado o caseiro para assassinar o advogado.
Durante a operação, deflagrada pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), quatro policiais militares e o caseiro foram presos, enquanto Heron segue foragido. A arma do crime foi encontrada.
A ação incluiu o cumprimento de 6 mandados de prisão além de duas buscas e apreensões em uma chácara no Bairro Capão Grande, em Várzea Grande. Os policiais presos na operação são:
- Wailson Alessandro Medeiros Ramos
- Wekcerlley Benevides de Oliveira
- Leandro Cardoso
- Jorge Rodrigo Martins
Os detidos passaram por audiência de custódia no Fórum de Cuiabá nessa quinta-feira (6), e a Justiça determinou a manutenção de suas prisões preventivas por pelo menos 30 dias, enquanto as investigações avançam.
Os policiais detidos são representados pela Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, que divulgou nota informando estar prestando apoio jurídico aos envolvidos.
A entidade também disponibilizou um perito criminal para realizar uma análise independente da perícia feita na arma apreendida durante a operação.
Investigação e Suspeitas
O advogado Renato Nery, de 72 anos, ex-presidente da OAB-MT, foi morto por sete disparos na manhã de 6 de julho de 2024, ao chegar ao seu escritório, localizado na Avenida Fernando Correa da Costa, no bairro Areão, em Cuiabá.
Câmeras de segurança captaram o momento em que um homem, já à espera da vítima, efetuou os disparos e fugiu em uma motocicleta vermelha. Nery foi socorrido e passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia seguinte.
Segundo a Polícia Civil, o caseiro teria sido o executor do homicídio, enquanto os policiais militares são suspeitos de integrar a organização criminosa responsável pelo assassinato.
As investigações da DHPP indicam que o crime pode estar relacionado a disputas por áreas de alto valor imobiliário em Mato Grosso.
Renato Nery era reconhecido por sua atuação em processos de regularização fundiária e litígios envolvendo propriedades, o que pode tê-lo tornado alvo de interesses econômicos.
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