A linha tênue entre o vício e a violência!


Em três meses Campo Grande enterrou duas mulheres. As duas vítimas dos companheiros, as duas vítimas da violência e do ódio que todos os dias tiram vidas.

Mas essas duas mulheres possuem mais que o fim tráfico em comum: tiveram a trajetória mudada pela droga. É sobre esse ponto em comum que vamos falar hoje.

Mão amassando uma flor; vício e violência são temas da coluna Capivara Criminal (Foto: Divulgação)

Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que as palavras escritas aqui não são, de maneira nenhuma, justificativas para qualquer ato de violência. Mas, é que quando os detalhes desses dois crimes vêm à tona, é impossível não pensar na destruição causada pelo vício.

Veja bem! Por mais que exista um estereótipo, a verdade é que a droga chega para todas as classes sociais.

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Caio Nascimento, o assassino de Vanessa Ricarte, era músico, conhecido no meio. Foi internado mais de uma vez para escapar do vício, mas não funcionou. A doença venceu a batalha e depois de cinco dias consecutivos de uso de cocaína, e muitas ameaças, matou a mulher que dizia amar.

(Mais uma vez, isso não é uma justificativa para o que aconteceu e logo vamos falar disso, de novo).

No caso de Giseli Cristina Oliskowiski o dano foi duplo. Segundo a família, os dois eram usuários de droga, Giseli e seu assassino.

O mais triste? Ouvir a história dela! Levada a droga por vários problemas psicológicos, afastada da família porque era difícil conviver com a mulher que se transformava sob efeito de cocaína, cruelmente assassinada pelo homem que, em tese, virou apoio em meio ao caos trazido pelo vício.

Jeferson Nunes também era usuário e de acordo com os vizinhos, nas casa que morava com nossa vítima reinava brigas e desentendimento.

O dia 1º de março foi o ápice da violência. E no fim, a vida de Giseli foi arrancada.

Quantas outras mulheres não foram agredidas por parceiros sob efeito de drogas ou álcool?

Quantas mortes aconteceram nas mesmas circunstâncias?

Mais do que é possível listar aqui, tenho certeza.

Quando falamos de drogas, o primeiro entendimento necessário é o de que se trata de uma doença. Como reforça o médico psiquiatra Marcos Estevão.

“O dependente não é um criminoso, um marginal, ele é um doente que precisa de ajuda. Agora, os criminosos, de modo geral, utilizam a droga como facilitador de comportamento, porque a droga altera o comportamento e pessoas de má índole terminam usando a droga de alguma forma”.

Quando falamos em violência doméstica é nesse segundo ponto que precisamos pensar.

O agressor tem perfil, tem histórico. A violência contra a mulher tem raízes mais profundas, culturais, psicológicas.

A drogas nada mais é que um facilitador que tira a crítica mental e atua em níveis celebrais de áreas executivas, ou seja, tira a crítica no momento da execução dos atos.

“Muitas vezes a pessoa não tem histórico de violência, mas já tem pré-disposição a atos violentos, mas segurou isso pelas regras socais, pela religião, por diversos motivos. Mas que a droga facilita, tira a crítica e essa pessoa se trona violenta. Você já ouviu falar de pessoas tranquilas, mas quando bebem ou usam drogas, ficam de outro jeito”.

Esse não é o caso de Caio, por exemplo.

O assassino de Vanessa era violento em casa, com a família. Carregava em seu histórico seis boletins de ocorrência de agressões ou ameaças, todos contra mulheres.

Mais uma vez, estamos falando de homens violentos que sob o efeito de drogas, qualquer uma delas, viram sua raiva contra companheiras, mães, filhas, filhos.

Talvez o problema desses crimes seja muito maiores e mostre que no âmbito da violência de gênero, a guerra que o estado e a sociedade precisam travar possui vários inimigos. O tráfico de drogas e suas consequências, com certeza são alguns deles.



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