Defesa alega que Nataly escondeu aborto, fingiu gravidez e agiu sozinha no crime


A defesa de Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, que confessou o crime e disse ter agido sozinha no assassinato da adolescente Emilly Azevedo Sena, de 16 anos – grávida de nove meses – afirmou que a motivação do crime estaria ligada ao desejo da suspeita de ter um filho com o marido, Christian Albino Cebalho de Arruda, 28 anos, e que ele não saberia de nada.

Segundo a defesa, Nataly havia sofrido um aborto entre setembro e outubro de 2024, mas escondeu essa informação da família. Para manter a farsa, decidiu atrair Emilly até sua casa, onde cometeu o crime.

Defesa afirma que Nataly agiu sozinha e fingiu uma gravidez por meses. (Foto: Reprodução/ Redes sociais)

Ao todo, quatro pessoas foram presas nessa quinta-feira (13). No fim do dia, os três homens foram liberados. Nesta sexta-feira (14), todos irão passar por audiência de custódia.

Ainda de acordo com a defesa, Nataly teria enganado a todos, inclusive seu companheiro, Christian, que, segundo alega, estava no trabalho no momento do crime.

Como Emilly e Nataly se conheceram?

Segundo a defesa dos suspeitos de matarem e retirarem o bebê de Emilly, advogado Ícaro Vione, Nataly vinha mantendo contato com a vítima há alguns dias por meio de grupos de gestantes nas redes sociais.

Durante as conversas, Emilly teria se identificado com outro nome e idade, o que despertou o interesse da suspeita.

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Um vídeo publicado nas redes sociais de Nataly Helen mostra que ela estaria grávida e fez um chá revelação de um bebê do sexo feminino em 10 de julho. (Confira abaixo).

Nataly é mãe de três meninos, filhos de outros relacionamentos. A suposta gestação do ano passado seria a primeira gravidez do casal, envolvendo ela e seu companheiro, Christian.

Na gravação, é possível ver a felicidade do casal ao descobrir que serão pais de uma menina. Conforme uma amiga da família, o homem estava muito emocionado com a gravidez de Nataly.

Em entrevista à reportagem, uma testemunha disse que “todo mundo tinha certeza que ela estava gestante”.

“O marido estava radiante, todo mundo tinha certeza que ela estava esperando a primeira menina. Estava muito feliz, fez o chá revelação e tudo”, afirmou a testemunha que não quis se identificar mas disse que conhece a família há 15 anos.

Nas redes sociais, no dia 30 de outubro, o chef de cozinha chegou a postar uma imagem de um ultrassom. No entanto, a fotografia foi retirada da internet, e trata-se de uma imagem divulgada por uma clínica do Rio de Janeiro.

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A narrativa continuou, até a noite dessa quarta-feira (12), quando segundo a amiga da família de Nataly, recebeu uma mensagem de que ela já teria dado a luz no hospital Santa Helena.

Na noite anterior, até às 23h, elas conversaram sobre a gravidez, o estado de saúde dela e como havia sido o parto.

Durante a conversa, a Nataly mencionou que estava bem, de bom humor, e que nunca havia sentido tanta dor. Em resposta, foi dito a ela que essa sensação era normal para quem havia acabado de dar à luz. Em tom descontraído, a mulher ainda fez brincadeiras sobre com quem a bebê se parecia.

A farsa descoberta

Na mesmo dia, durante a tarde, o casal deu entrada no Hospital de Maternidade Santa Helena com um bebê recém-nascido, alegando parto domiciliar.

A equipe médica desconfiou da história, pois a mulher não apresentava sinais de puerpério e não produzia leite materno.

Diante das suspeitas, a polícia foi acionada e o casal foi conduzido à Central de Flagrantes.

A emboscada

Emilly estava desaparecida desde a tarde dessa terça-feira (12), quando saiu de sua casa em Várzea Grande para buscar doações de roupas na casa da suspeita, em Cuiabá, no bairro Jardim Florianópolis.

Adolescente grávida desaparece ao sair para buscar doações de roupas. (Foto: reprodução)
Adolescente grávida desaparece ao sair para buscar doações de roupas. (Foto: reprodução)

Emilly estava desaparecida desde a manhã de terça-feira (12), quando saiu de casa, em Várzea Grande, para buscar doações de roupas na residência de Nataly, localizada no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá. A adolescente foi levada ao local por um carro de aplicativo enviado pela suspeita.

No local, Nataly teria esganado Emilly com um fio de internet. O corpo foi encontrado enterrado em uma cova rasa, nos fundos da casa de um tio da suspeita, com as mãos amarradas nas costas, pulsos quebrados e o abdome aberto, conforme informações da Polícia Civil.

Após assassinar a adolescente, Nataly teria utilizado o sangue da vítima para simular um parto e convenceu seu cunhado a levá-la até o hospital, sem que ele soubesse da verdade. A informação foi confirmada pelo delegado Caio Albuquerque, da Polícia Civil.

Horas depois do crime, Nataly e Christian deram entrada no Hospital de Maternidade Santa Helena com um bebê recém-nascido, alegando um parto domiciliar. No entanto, a equipe médica desconfiou da versão, já que a mulher não apresentava sinais de puerpério e não produzia leite materno.

Diante das suspeitas, a polícia foi acionada e o casal foi encaminhado à Central de Flagrantes, onde Nataly acabou confessando o crime. Ela declarou que enganou o marido e os familiares, que não tinham conhecimento do plano.

Requintes de crueldade

Na casa dos investigados, a polícia encontrou o corpo de Emilly enterrado em uma cova rasa, com parte da perna visível.

A análise do corpo revelou que Emilly foi morta por enforcamento, esganadura e asfixia, com cabos de internet enrolados no pescoço, mãos e pernas, além de um saco plástico na cabeça.

Casa onde corpo de Emilly foi encontrado (Foto: Primeira Página)
Casa onde corpo de Emilly foi encontrado (Foto: Primeira Página)

O perito Luis Paoli, da Politec, descreveu a cena como “uma das mais cruéis e difíceis de processar”.

“Tenho 12 anos de perícia local e foi uma das reações mais difíceis que tive para me conter (…) De todas as situações que convivi, essa foi uma das cenas mais cruéis e difíceis de processar”, relatou Paoli, visivelmente abalado.

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Perito Luis Paoli descreveu a cena como “uma das mais cruéis e difíceis de processar”. (Foto: TVCA)

Os detalhes da cena, revelados pelo perito, são estarrecedores: “Ela foi asfixiada, teve o abdômen aberto e a criança retirada. Ela estava amarrada com as mãos para trás com os pulsos quebrados”.

A jovem estava com os pulsos quebrados, demonstrando a violência extrema utilizada no crime.

A audiência de custódia da acusada deve ocorrer nas próximas horas, quando a Justiça decidirá se Nataly permanecerá presa preventivamente. O caso segue em investigação.

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