Pandemia mudou perspectivas e impactou comportamento humano

CNN Brasil


Depois de cinco anos do início da pandemia de coronavírus, as lembranças da época do isolamento social e da emergência sanitária continuam frescas na memória. Mais de 7 milhões de pessoas morreram ao redor do mundo por causa da Covid-19. Com mais de 700 mil vida perdidas, o Brasil foi o segundo país com maior número de mortes no planeta.

O marido de Rauza Barbosa faz parte desses números. “Foi muito sofrido, a gente sente falta dele até hoje. É difícil. As lembranças estão aí”, compartilha a secretária, relembrando do parceiro com quem foi casada durante 30 anos.

Em meio ao trauma, ao medo e à incerteza, a saúde mental dos brasileiros foi extremamente impactada. 

Fotografia de Rauza com o marido •

 

Em 2021, uma pesquisa da USP mediu os índices de depressão em 11 países do mundo. O Brasil ficou em primeiro lugar, seguido da Irlanda em segundo e dos Estados Unidos em terceiro.

• Fonte: USP / Arte: CNN Brasil

O diretor de eventos e publicitário Felipe Bittencourt Guedes passou por um período difícil durante a quarentena: teve que lidar com uma depressão. Felipe passou a fazer terapia, mas também adotou o esporte como forma de autocuidado.

“A terapia cuidou muito das minhas questões, a corrida preencheu os meus vazios”, afirma. “A minha vida mudou completamente em termos de gestão de pessoas no trabalho, estresse, alimentação, saúde, sono. Eu posso dar uma lista de mudanças. Eu inseri a corrida no meu dia a dia e na minha vida”, continua ele.

Felipe Guedes correndo.
Felipe Guedes correndo. • CNN

“A preocupação, o medo, a falta do contato, do abraço. A pandemia foi um período em que aquilo que era essencialmente humano – contato, abraço, beijo, carinho, afeto – foi vetado. Fora todos os outros temas trágicos que a gente viveu, tudo que a gente testemunhou, isso tem consequências”, explica o psicanalista e psicólogo Francisco Nogueira.

Mas, ao contrário de Felipe, muita gente não se recuperou. De acordo com um relatório internacional, a saúde mental dos brasileiros no pós-pandemia é uma das piores do mundo, atrás de quase 70 países.

• Fonte: Global Mind Project / Arte: CNN Brasil

Para Caio Matos, gerente de comunidades, que na época da quarentena era casado, foi um período complexo. “Teve o desafio de dividir o mesmo espaço o dia inteiro, todos os dias, por bastante tempo”, comenta.

Para quem tem filhos, o isolamento social foi ainda mais delicado. A empresária Bruna Pereira Faria é mãe de duas crianças comenta os impactos da pandemia – principalmente para o filho, que teve o processo de alfabetização interrompido quando as escolas fecharam.

Empresária Bruna Pereira com os filhos.
Empresária Bruna Pereira com os filhos. • CNN

“Não só ele, como todos da idade dele têm essa dificuldade de alfabetização. Quem alfabetizou foram as mães. Eles não estavam na escola”, compartilha a empresária.

A pandemia obrigou a humanidade a se adaptar, criar soluções, métodos novos – em casa, na escola, no trabalho e na saúde.

O historiador Leandro Karnal analisa que a Covid-19 despertou um sentimento de coletividade: “A pandemia, ao contrário da média das doenças, ensinou que não adianta eu estar isolado em um condomínio se a comunidade ao meu redor não se vacina. Descobrimos um sentimento social e coletivo.”

Atualmente, as vidas de Rauza, de Felipe e da Bruna, ao lado dos filhos, se adaptaram, mas não são mais as mesmas. O Brasil e o mundo todo carregam as lembranças e os aprendizados da pandemia. “O mundo volta sempre ao normal. Sempre. Após tragédias, guerras, terremotos e inundações, mas esse normal não é igual de como era antes”, conclui Karnal.

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