O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que as tropas ucranianas não foram cercadas por forças russas na região de Kursk, acusando o líder russo, Vladimir Putin, de mentir sobre a situação no território.
A Ucrânia lançou sua incursão de choque em Kursk em agosto de 2024, capturando rapidamente regiões no que foi a primeira invasão terrestre da Rússia por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial.
A campanha teve como objetivo desviar os recursos de Moscou das linhas de frente no leste e tomar terras que poderiam ser potencialmente trocadas por território ucraniano ocupado pela Rússia.
Embora Kiev esteja agora em desvantagem em Kursk, Zelensky e analistas militares questionaram as alegações de Putin — ecoadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump — de que as forças russas cercaram os soldados da Ucrânia.
Putin afirmou na quinta-feira (13) que as forças russas tinham “isolado” as tropas da Ucrânia em Kursk e que era “impossível” que elas escapassem mesmo em pequenos grupos de dois ou três soldados.
“Haverá apenas duas opções: render-se ou morrer”, declarou o líder do Kremlin.
Um dia depois, Trump pareceu amplificar as alegações do presidente russo após o que ele chamou de uma discussão “muito boa e produtiva” com Putin.
“Neste exato momento, milhares de tropas ucranianas estão completamente cercadas pelos militares russos e em uma posição muito ruim e vulnerável”, escreveu o americano em um post em sua rede social Truth Social, na sexta-feira (14), alegando que havia pedido ao russo para poupar suas vidas para evitar “um massacre horrível, um não visto desde a Segunda Guerra Mundial”.
Embora o presidente dos Estados Unidos não tenha se referido especificamente a Kursk, Putin declarou mais tarde ao concelho de segurança da Rússia que havia “notado” o apelo de Trump para salvar vidas ucranianas na região.
Em uma entrevista no domingo (16) com Jake Tapper da CNN, o enviado estrangeiro de Trump, Steve Witkoff, afirmou que o líder do Kremlin “aceita a filosofia do presidente Trump” e que os dois querem ver o fim da guerra.
Witkoff disse que os dois provavelmente falarão novamente esta semana, expressando otimismo de que um acordo de cessar-fogo pode ser alcançado em algumas semanas.
Mas autoridades ucranianas e analistas independentes contestaram as alegações de Putin e Trump sobre a Rússia cercando tropas ucranianas em Kursk.
O Instituto para Estudo da Guerra, um monitor de conflitos sediado nos EUA, informou na sexta-feira (14) que “não observou nenhuma evidência geolocalizada para indicar que as forças russas cercaram um número significativo de forças ucranianas” em Kursk ou em qualquer outro lugar ao longo da linha de frente na Ucrânia.
Os militares da Ucrânia alegam que a Rússia estava mentindo para moldar a percepção dos eventos no local.
“Relatos do suposto ‘cerco’ de unidades ucranianas pelo inimigo na região de Kursk são falsos e fabricados pelos russos para manipulação política e para exercer pressão sobre os ucraniano e seus parceiros”, exclamaram os militares.
Segundo eles, “não há ameaça de cerco de nossas unidades”, acrescentando que as unidades no território “se reagruparam com sucesso” após as ofensivas da Rússia e “se retiraram para posições defensivas mais vantajosas”.
Em uma atualização no sábado (15), Zelensky disse que havia sido informado pelo comandante-chefe da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, e também enfatizou que as tropas ucranianas não foram cercadas.
“As unidades estão realizando suas tarefas exatamente como necessário” e continuam a repelir tropas russas e norte-coreanas, ressaltou o presidente da Ucrânia.
Zelensky, no entanto, ressaltou que Kiev estava ciente de um acúmulo de tropas russas na fronteira leste do país, o que ele viu como “indicação de uma intenção de atacar” a região de Sumy que faz fronteira com Kursk.
A administração militar de Sumy relatou bombardeios pesados durante a noite até domingo, mirando cidades e vilas perto da fronteira.