O futuro do Bus Rapid Transit (BRT) em Cuiabá foi tema de debate nesta segunda-feira (17), quando o Governo de Mato Grosso anunciou uma reestruturação do projeto. Entre as principais mudanças, está a exclusão do trecho que passaria pela área central da capital e a divisão das obras em lotes distintos, com novas licitações para cada parte.
O trecho que compreendia as avenidas Getúlio Vargas e Isaac Póvoas foi retirado do projeto.
As alterações foram discutidas em audiência pública na Assembleia Legislativa, com a presença do secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo de Oliveira.
O governo também confirmou que, nesta nova etapa, apenas a infraestrutura viária será executada, deixando de fora a construção das estações do BRT. Enquanto isso, a conclusão de trechos na Avenida do CPA depende da aprovação de um acordo pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
Veja a divisão dos trechos:
O trecho 1: a parte após o Rio Cuiabá, da Defensoria Pública até o viaduto da Sefaz, será licitada separadamente.
Os trechos 2 e 3: serão licitados em sua totalidade, abrangendo a região do Coxipó.
O projeto atual terá apenas a infraestrutura viária, ou seja, as pistas. Já as estações do BRT estão fora do projeto.
Acordo com consórcio
Após a rescisão do contrato com o Consórcio BRT, um acordo foi firmado para conclusão de trechos na Avenida do CPA em até 150 dias. O acordo aguarda aprovação do TCE-MT (Tribunal de Contas de Mato Grosso).
O governo avalia convocar o segundo colocado na licitação, o Consórcio Mobilidade MT, mas isso pode gerar custos extras. O Estado já pagou mais de R$ 117 milhões ao consórcio anterior.
Em 2022, a empresa cotada para assumir as obras, Consórcio Mobilidade MT, havia apresentado um valor de R$ 468.500.000. Já o Consórcio Construtor BRT Cuiabá, que venceu a licitação, ofereceu R$ 468.031.500. O que representa, uma diferença de valor de mais de R$ 400 mil.
O governador Mauro Mendes (União) ainda não se pronunciou sobre o impacto financeiro dessa escolha para os cofres públicos.
2 anos e R$ 1,5 bilhão depois
As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá, originalmente planejadas para a Copa do Mundo de 2014, completaram 12 anos desde o seu início, e R$ 1,5 bilhão já foram gastos, sem que o sistema tenha entrado em operação.

O contrato inicial de R$ 1,4 bilhão previa a construção do VLT, mas apenas 30% das obras foram concluídas antes da paralisação do projeto. Investigações subsequentes revelaram casos de corrupção e superfaturamento, levando à prisão do então governador Silval Barbosa.
Em 2020, o atual governador Mauro Mendes anunciou a decisão de abandonar o projeto do VLT, justificando que a retomada das obras seria muito cara e inviável. Em vez disso, o governo optou pela conversão para o Bus Rapid Transit (BRT), um sistema considerado mais barato e rápido de implementar.
No entanto, passados dois anos, 18% das obras do BRT foram concluídas. Diante do atraso, o governo estadual anunciou a rescisão do contrato com o consórcio responsável, alegando descumprimento de cláusulas contratuais.
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