A participação do governador Mauro Mendes (União Brasil) no ato em defesa da anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro, realizado no Rio de Janeiro nesse domingo (16), foi alvo de questionamentos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Durante a audiência sobre as obras do BRT em Cuiabá, transmitida pela TV Assembleia nesta segunda-feira (17), o deputado Lúdio Cabral (PT) cobrou explicações sobre a viagem do governador.
Ao vivo, durante a transmissão, Lúdio questionou: “O que o governador do Estado de Mato Grosso foi fazer no Rio de Janeiro ontem de manhã?” Ele também criticou a relação de Mendes com o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que, nos quatro anos de seu governo, Bolsonaro “não colocou um tijolo sequer em obras no Estado de Mato Grosso.”
Lúdio anunciou que, na próxima quarta-feira (19), irá protocolar um requerimento solicitando informações oficiais sobre a viagem do governador. Para ele, a participação de Mendes no ato foi um desrespeito à democracia e às instituições do país.
Durante o evento, Mauro Mendes publicou fotos ao lado de Bolsonaro e outros políticos, afirmando que estava no Rio de Janeiro “em favor da anistia”. Em sua publicação, o governador argumentou que é preciso contestar condenações que considera desproporcionais, enquanto “verdadeiros criminosos são beneficiados com a frouxidão das leis.”
Na audiência, Lúdio destacou que o governo do presidente Lula tem mantido uma relação republicana com Mato Grosso e ressaltou parcerias em obras como a Ferrovia Estadual, o Hospital Universitário Júlio Müller, o Rodoanel e o programa Minha Casa, Minha Vida. O secretário de Estado de Obras, Marcelo Oliveira, também citou esses projetos e defendeu que a relação institucional entre os governos tem garantido investimentos importantes para o estado.
Também participaram do debate o adjunto de Obras Especiais, Isac Nascimento, o procurador do Estado, Leonan Roberto de França Pinto, e o presidente da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo, Pedro Aquino, além dos deputados Lúdio Cabral e Wilson Santos.
Obras do BRT seguem com indefinições e aguardam aval do TCE
A audiência pública também abordou os impasses na execução das obras do BRT em Cuiabá e Várzea Grande. O governo de Mato Grosso firmou um acordo extrajudicial com o consórcio responsável pelo projeto, estabelecendo um prazo de 150 dias para cumprimento das obrigações da empresa. No entanto, o acordo ainda precisa passar pelo crivo do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A Secretaria de Infraestrutura do Estado (Sinfra) pretende adotar uma nova estratégia de contratação para dar continuidade ao projeto, com licitações em lotes. No momento, não há uma data definida para a abertura desses processos.
Segundo o secretário de obras, parte do projeto original será retirada, como o trecho que previa intervenções na região das avenidas Getúlio Vargas e Isac Póvoas. Já os trechos iniciados pelo consórcio serão concluídos, incluindo parte do percurso que vai da Defensoria Pública ao viaduto da Sefaz, além da região do Coxipó.
Desde o início do projeto, o governo do estado já pagou mais de R$ 117 milhões ao consórcio BRT. Mesmo com o avanço das obras, cerca de 50% dos projetos executivos ainda aguardam aprovação da Sinfra.
Outro ponto debatido na audiência foi a falta de diálogo entre o governo e os usuários do transporte coletivo. O presidente da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo (Assut), Pedro Aquino, questionou a ausência de consultas públicas sobre o andamento das obras e os impactos para a população.
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