Após tirar CRM, Justiça pede exames psicológicos à “golpista da USP“


Após a CNN relevar que Alicia Dudy Muller Veiga, condenada por desviar quase R$ 1 milhão da comissão de formatura de medicina da USP, conseguiu o registro profissional como médica, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu a Justiça que a ex-estudante de medicina passe por exames psicológicos. 

O pedido foi aceito pela 32ª Vara Criminal da Barra Funda do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), no dia 3 de fevereiro deste ano. A medida veio à tona após a Justiça retirar o sigilo do processo de estelionato. 

O ministério afirma que Alicia tentou se “safar das consequências dos seus atos, ou, pelo menos, minimizar o que a lei estabelece como pena para as suas condutas” ao alegar inimputabilidade, condição quando não se sabe entender o que é ou não crime. 

O argumento é contraditório, de acordo com a pasta, com a obtenção do registro de médica: 

A ré vem aqui alegar possuir problemas psiquiátricos, transtornos de personalidade e tudo o mais para minimizar as consequências de seus atos, de outro, (…) vai consultar pessoas doentes, prescrever remédios e atuar como se nada desses problemas psicológicos e psiquiátricos por ela supostamente enfrentados realmente existissem

Vagner dos Santos Queiroz, promotor de justiça

A pasta solicitou exames de perícia para esclarecer a condição mental de Alicia e saber se a jovem possui condições psicológicas e psiquiátricas de exercer a medicina.

CNN procurou o advogado que defende a jovem e aguarda retorno.

Alicia conquistou o CRM

Após a condenação, Alicia conseguiu o registro profissional como médica e já aparece como ativa no Conselho Federal de Medicina (CFM) até a noite desta quarta-feira (19).

A inscrição no CRM foi realizada em 26 de dezembro de 2024. No entanto, não consta sua especialidade e área de atuação.

Imagem mostra registro profissional de Alicia Dudy Muller Veiga, que ficou conhecida por desviar dinheiro de formatura • Reprodução

Relembre o caso

No fim de 2021, a jovem, que era presidente da comissão, solicitou a transferência dos valores para uma conta pessoal sem o aval de outros estudantes integrantes do grupo.

Aos colegas, Alicia declarou que sacou o dinheiro da conta porque a empresa contratada não estava prestando um bom serviço, e decidiu investir o recurso junto em uma corretora, de quem teria, posteriormente, sofrido um golpe.

A Polícia e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) não acreditaram em sua versão, sendo denunciada pela prática de estelionato por oito vezes.

A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia, e em julho do ano passado Alicia foi condenada pela 7ª Vara Criminal a cinco anos de reclusão em regime semiaberto. 

A sentença também determinou o pagamento de indenização às vítimas, no mesmo valor do prejuízo causado.



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