EUA espionaram Brizola, mostram arquivos secretos da CIA sobre Kennedy

CNN Brasil


O ex-governador Leonel Brizola é citado em arquivos secretos divulgados pelo governo dos Estados Unidos após uma ordem de Donald Trump.

O presidente americano determinou assim que assumiu o cargo a liberação de milhares de arquivos relacionados às mortes de Kennedy, Robert F. Kennedy e Martin Luther King Jr.

Nesses arquivos, divulgados nesta terça-feira (18), há informações coletadas pela CIA, a agência de Inteligência dos EUA, sobre diversos países, incluindo o Brasil, no período da Guerra Fria.

É nesse contexto que Brizola é citado nos documentos. Em um deles, datado de 1961, Mao Tsé-Tung, então líder do Partido Comunista da China, e Fidel Castro, então primeiro-ministro de Cuba, ofereceram “materiais, “suporte” e “voluntários” para o então governador, em agosto daquele ano.

Na ocasião, Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, estava liderando os esforços para sucessão de poder no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros, como é ressaltado pelo documento produzido pela CIA, a agência de Inteligência dos EUA.

De acordo com o Senado Federal do Brasil, citando historiadores, Quadros planejou o que chamaram de “autogolpe”, pois não esperava que a renúncia fosse aceita e que, com o clamor de autoridades e da população, ganhasse mais poder em seguida.

Trecho de documento da CIA sobre oferta de ajuda de China e Cuba para Leonel Brizola
Trecho de documento da CIA sobre oferta de ajuda de China e Cuba para Leonel Brizola • Dibulgação/Arquivo Nacional dos EUA

Trecho de documento da CIA sobre oferta de ajuda de China e Cuba para Leonel Brizola
Trecho de documento da CIA sobre oferta de ajuda de China e Cuba para Leonel Brizola • Dibulgação/Arquivo Nacional dos EUA

Entretanto, os parlamentares teriam compreendido “as intenções de Jânio Quadros e agiram para abortar o plano golpista”, aceitando a renúncia e trabalhando para a posse do vice-presidente João Goulart — que foi deposto em 1964 com a Ditadura Militar.

O arquivo da CIA pontua que Brizola apenas agradeceu a oferta de ajuda dos líderes de Cuba e China, mas acabou a recusando. De acordo com a CIA, o governador não queria levar a crise no Brasil ao cenário internacional.

Um oficial da agência destacou à época: “Brizola obviamente estava com medo de que, se as ofertas fossem aceitas, os Estados Unidos pudessem intervir”.

Por fim, o documento ressalta que a oferta de auxílio de Fidel Castro foi descoberta e relatada pela imprensa, enquanto a de Mao Tsé-Tung, não.

Brizola foi um dos políticos mais atuantes do Brasil ao longo do século XX. Foi prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e deputado federal. Governou dois estados: o Rio Grande do Sul, nos anos 1960, e o Rio de Janeiro em duas oportunidades, de 1983 a 1987 e, depois, de 1991 a 1994.

Foi candidato à Presidência da República duas vezes: em 1989 (por uma pequena margem, não conseguiu passar para o segundo turno) e em 1994, e candidato a vice-presidente na chapa com Lula em 1998.



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