No coração do Cerrado, um dos biomas mais ricos do mundo, o beija-flor, conhecido por seu papel vital na polinização, enfrenta ameaças crescentes.
O biólogo e fotógrafo da natureza Marcelo Kuhlmann, após uma década de pesquisa e imersão no bioma, alerta para os perigos do desmatamento e das mudanças climáticas, que colocam em risco a sobrevivência dessas aves e a saúde do Cerrado.
Kuhlmann registrou 41 espécies de beija-flores em seu novo livro, “Cerrado em Cores: Flores Atrativas para Beija-Flores“, uma obra de 750 páginas que celebra a beleza e a importância dessas aves para o Cerrado. No entanto, o livro também serve como um alerta sobre as ameaças que elas enfrentam.
O desmatamento, impulsionado principalmente pelo agronegócio, é a maior ameaça para o Cerrado, segundo Kuhlmann.
“Apesar de toda a sua importância para a economia do Brasil, não está sendo feito de uma forma totalmente sustentável”, lamenta o pesquisador.
As mudanças climáticas também representam um perigo, pois podem alterar o período de floração das plantas, afetando a disponibilidade de alimento para os beija-flores.
“Se a gente, por exemplo, quer manter uma população de polinizadores, como os beija-flores, é preciso que haja flores ao longo de todo o ano”, explica Kuhlmann.
1º beija-flor híbrido (Foto: Fernando Maidana)
Os beija-flores desempenham um papel fundamental na polinização das plantas do Cerrado, juntamente com outros animais como abelhas, mariposas, borboletas e morcegos. Estima-se que 80% a 90% das espécies nativas do bioma dependem de animais para a polinização.
O Cerrado abriga uma grande diversidade de beija-flores, com 41 das 89 espécies encontradas no Brasil. O bioma também possui uma grande variedade de flores, de todos os formatos, tamanhos e cores, que atraem essas aves.