O arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi, aparece entre os principais candidatos para o conclave, que elegerá o sucessor do papa Francisco, no início de maio.
Especialistas ouvidos pela CNN destacaram que Zuppi, além de carregar uma ampla experiência diplomática, é visto como um hábil articulador político.
Quando Zuppi foi promovido em 2015 e assumiu a Arquidiocese de Bolonha, a imprensa local se referiu a ele como o “Bergoglio italiano”, devido à sua afinidade com Francisco, cujo nome de batismo é Jorge Mario Bergoglio.
Zuppi seria o primeiro papa italiano desde 1978.
Assim como o papa Francisco quando morava em Buenos Aires, Zuppi é conhecido como um “padre de rua” que se concentra nos migrantes e nos pobres, e pouco se importa com pompa e protocolo.
Ele atende pelo nome de “padre Matteo” e, em Bolonha, às vezes usa uma bicicleta em vez de um carro oficial.
Em uma cidade conhecida internacionalmente por adorar carne, Zuppi causou frenesi quando tortellini sem carne de porco foi servido, como opção, no dia da festa do padroeiro de Bolonha.
Ele chamou a atitude favorável aos muçulmanos (que não comem carne de porco) de um gesto normal de respeito e cortesia.
Um artigo do escritor especialista em Vaticano Marco Roncalli, traduzida pelo Instituto Humanitas Unisinos, destaca que Zuppi “se tornou um ponto de referência na vida urbana de católicos e não católicos, crentes e não crentes, quase uma autoridade civil além de religiosa, com capacidade imensas de mediação e concertação”.

Se ele fosse eleito papa, os conservadores provavelmente o veriam com desconfiança.
Vítimas de abuso sexual na Igreja também poderiam se opor a ele, já que a Igreja Católica Italiana, que ele lidera desde 2022, tem sido lenta em investigar e confrontar a questão.
O cardeal italiano está intimamente associado à Comunidade de Santo Egídio, um grupo católico global de paz e justiça sediado no histórico bairro romano de Trastevere, onde passou a maior parte de sua vida como padre.
Santo Egídio, às vezes chamada de a “ONU de Trastevere”, intermediou um acordo de paz em 1992 que encerrou uma guerra civil de 17 anos em Moçambique, com a ajuda de Zuppi como um dos mediadores.
Ele tem se envolvido mais em diplomacia recentemente como enviado papal para o conflito entre Rússia e Ucrânia, concentrando-se em esforços para repatriar crianças que, segundo a Ucrânia, foram deportadas para a Rússia ou para territórios controlados pela Rússia.
Zuppi é um romano nato, com um sotaque regional bastante forte e sólidas raízes familiares católicas.
Seu pai, Enrico, era editor do suplemento dominical do jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, enquanto o tio de sua mãe, Carlo Confalonieri, também era cardeal.