A juíza que supervisiona o julgamento do ator Alec Baldwin por homicídio culposo interrompeu a audiência desta sexta-feira (12) e dispensou júri para casa por hoje, enquanto considera uma nova moção da equipe jurídica do ator.
A defesa de Baldwin pede que o caso seja arquivado, dizendo que os promotores não entregaram as evidências adequadamente.
No tribunal, um dia antes, uma técnica de cena de crime testemunhou que um homem entregou munição ao Gabinete do Xerife do Condado de Santa Fé em março, após a condenação da armeira do filme “Rust”, Hannah Gutierrez Reed.
O homem, Troy Teske, um policial aposentado e amigo do pai da armeira, afirmou aos investigadores que acreditava que a munição poderia estar associada ao caso, testemunhou Marissa Poppell.
No entanto, a técnica testemunhou que os itens foram catalogados separadamente do caso de Baldwin e não foram incluídos no inventário do caso “Rust” ou testados para ver se correspondiam à munição letal.
A equipe de Baldwin argumentou que os promotores não divulgaram adequadamente essas evidências à defesa e pediram que o caso seja arquivado.
Em resposta, a promotora Kari Morrissey afirmou que os investigadores determinaram que a munição não era compatível com as encontradas no set de “Rust” e não tinha valor probatório para o caso.
Momento “incomum” no tribunal
Em um ato “muito incomum”, a juíza Mary Marlowe Sommer pediu que Poppell fosse chamada de volta para discutir sobre as balas fora da presença do júri.
Assim, a testemunha, a juíza e os advogados vestiram luvas azuis e se reuniram em volta de uma mesa no centro do tribunal, onde o envelope contendo as balas foi aberto e examinado pela juíza para determinar se ele correspondia às balas recuperadas do set de filmagem.
O tribunal ficou em silêncio e tenso enquanto a juíza comparava as balas.
Depoimentos antes de decisão sobre pedido da defesa
A juíza ordenou que testemunhas adicionais deponham antes de proferir uma decisão sobre a moção de Baldwin para arquivar o caso.
Poppell será interrogada pela promotoria em breve. Outras testemunhas que devem ser chamadas incluem o fornecedor de munição Seth Kenney, a detetive Alexandria Hancock e o advogado de Gutierrez Reed, Jason Bowles.
Baldwin acusado de desrespeitar regra; defesa culpa produção
O pedido da defesa do ator acontece poucos dias após o início do julgamento de Baldwin por homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins, em 21 de outubro de 2021, no set do filme de faroeste “Rust”, no estado do Novo México, nos EUA.
Baldwin estava praticando um “cross draw” (saque cruzado) — puxando uma arma de um coldre no lado oposto do corpo da mão que saca — com uma arma cenográfica quando disparou um tiro real, matando Hutchins e ferindo o diretor Joel Souza.
Nas declarações de abertura na quarta-feira (10), os promotores alegaram que Baldwin foi imprudente e violou as “regras cardeais de segurança de armas de fogo” com suas ações.
“Ele apontou a arma para outro ser humano, engatilhou e puxou o gatilho, em total desrespeito à segurança da Sra. Hutchins”, destacou.
A defesa, por sua vez, culpou a armeira do filme e o primeiro assistente de direção — que são conjuntamente responsáveis pela segurança da arma de fogo no set — por permitirem que uma bala real fosse carregada na arma cenográfica e não a deixasse segura antes que chegasse a Baldwin.
“Esta foi uma tragédia indizível, mas Alec Baldwin não cometeu nenhum crime. Ele era um ator, atuando, interpretando o papel de Harlan Rust”, comentou o advogado Alex Spiro.
“Essas ‘regras cardeais’ não são regras cardeais em um set de filmagem”, adicionou.
O caso foi marcado por anos de altos e baixos com reviravoltas nos promotores, uma acusação paralisada por questões em torno da integridade das evidências e uma onda constante de moções da equipe de Baldwin tentando fazer com que a acusação fosse rejeitada.
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