O analista sênior de Internacional da CNN, Américo Martins, comentou a situação diplomática complexa na Síria após a queda do regime do presidente Bashar Al-Assad.
Segundo Américo, países da Europa Ocidental e os Estados Unidos estão realizando esforços diplomáticos para dar estabilidade ao novo governo sírio, apesar das desconfianças existentes.
Instabilidade e fragmentação
De acordo com o analista, ainda há uma grande desconfiança em relação ao novo governo sírio, principalmente por dois motivos.
Em primeiro lugar, o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que está consolidando sua posição em Damasco, tem origem em um braço da Al-Qaeda na Síria. Vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, ainda classificam o HTS como um grupo terrorista.
Além disso, Américo ressalta que existe o risco de fragmentação dentro da própria Síria, com diversos grupos rebeldes atuando em diferentes regiões do país. “O país continua instável e volátil”, afirmou o analista.
Apesar dessas preocupações, o Ocidente avalia que a melhor opção no momento é tentar reforçar a posição do HTS e convencê-los a adotar políticas menos radicais.
Os países ocidentais estão buscando verificar se o grupo realmente não tem mais ligações com a Al-Qaeda e tentam ajudar a estabilizar a Síria.
Esforços diplomáticos
Américo destacou que vários países estão fazendo esforços diplomáticos para estabilizar a Síria, que passou por 14 anos de guerra e possui diversas etnias e grupos rebeldes.
Os Estados Unidos, por exemplo, que normalmente não negociam com grupos classificados como terroristas, voltaram a negociar abertamente com o HTS.
Outros países europeus, como a Itália, também estão oferecendo ajuda diplomática para que o HTS tenha força para se estabelecer no governo e promover a estabilização do país.
No entanto, Américo ressalta que haverá uma grande pressão para que o grupo incorpore outras correntes políticas em um eventual governo de transição e não adote políticas extremistas do ponto de vista islâmico.
O analista da CNN conclui que a origem do HTS, ligada à Al-Qaeda, cria muita desconfiança em várias partes da Síria e do resto do mundo, tornando o processo de estabilização do país um desafio complexo e delicado para a comunidade internacional.