O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se prepara para uma importante conversa com o líder venezuelano Nicolás Maduro nesta quarta-feira (4). Ao seu lado estarão os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro, em uma tentativa conjunta de abordar as preocupações sobre o processo eleitoral na Venezuela.
Segundo o analista sênior de assuntos internacionais da CNN Brasil, Américo Martins, o diálogo com Maduro tem se mostrado desafiador até o momento. “Até aqui o Itamaraty, a chancelaria da Colômbia, a chancelaria do México mandaram vários recados, vários sinais, várias medidas de informação para o presidente venezuelano, autocrata Nicolás Maduro, também para a chancelaria venezuelana, e nos últimos dias eles sequer receberam respostas”, explicou Martins.
Postura defensiva de Caracas
Os sinais vindos de Caracas têm sido predominantemente negativos, com o regime venezuelano aparentemente mais interessado em um possível conflito diplomático do que em abrir espaço para discussões. Martins destacou que “todos os sinais que vêm de Caracas, seja do próprio Maduro, seja da Comissão Nacional Eleitoral, seja do Supremo Tribunal de Justiça ou do Ministério Público da Venezuela, são todos no contrário, são todos dobrando a aposta nessa narrativa fictícia de que o Maduro venceu as eleições”.
A situação é agravada por provocações diretas ao Brasil e à Colômbia, além da tentativa de prisão de um candidato oposicionista. Esse cenário tem levado a uma crescente preocupação entre os países vizinhos, resultando em uma nota conjunta emitida por Brasil e Colômbia expressando apreensão com a situação.
Possível endurecimento da postura brasileira
Caso Maduro continue a rejeitar o diálogo, o Brasil e seus aliados podem ser forçados a adotar uma postura mais firme. “Se não houver essa conversa com o Maduro e se não houver algum tipo de avanço, o Brasil e a Colômbia vão ter que se posicionar de forma mais dura”, alertou Martins.
No entanto, a situação é complexa, pois os três países que buscam o diálogo – Brasil, México e Colômbia – são governados por partidos de esquerda com histórico de relações com o chavismo. Isso pode criar desafios internos para uma mudança drástica de abordagem.
A expectativa agora se concentra na reunião desta quarta-feira, que pode representar um ponto de virada nas relações diplomáticas com a Venezuela e na abordagem regional à crise política e eleitoral do país.