O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações cautelosas sobre as eleições na Venezuela durante entrevista à Rádio T, em Curitiba, nesta quinta-feira (15).
Lula afirmou que “ainda não reconhece” a reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acrescentando que “Maduro sabe que está devendo uma resposta para a sociedade”.
Fernanda Magnotta, analista de Internacional da CNN, avaliou durante sua participação no CNN 360° que a fala de Lula é estratégica e preserva um tom de cautela e ambiguidade. Segundo ela, a declaração pode ser interpretada de duas formas: pressão ou condescendência.
Cobrança pública ou conivência?
Por um lado, pode ser vista como uma cobrança pública de compromisso em relação à falta de transparência no processo eleitoral venezuelano, pressionando Maduro a comprovar os resultados obtidos.
Por outro, alguns podem interpretar como uma postura condescendente, mantendo a paciência e permitindo prazos alargados para a prestação de contas.
“É uma fala que, em princípio, não surpreende, apesar de, em geral, causar muita comoção”, explica Magnotta.
“Cada grupo, tanto dos aliados quanto dos críticos, vai interpretá-la pelo lado que lhe convenha.”
Estratégia brasileira
A analista ressalta que a posição do presidente brasileiro parece reforçar a ideia de que é necessário ganhar tempo e articular outras saídas enquanto a situação na Venezuela não se define.
“Me parece que é uma fala estratégica, que não é uma novidade e que, portanto, reforça a ideia do Brasil de que é preciso ganhar tempo e articular outras estratégias”, conclui Magnotta.
O posicionamento de Lula sobre a situação venezuelana tem sido acompanhado de perto pela comunidade internacional, dado o papel do Brasil como um dos principais interlocutores com o governo de Maduro.
A forma como o presidente brasileiro lida com essa questão pode influenciar as relações diplomáticas na região e a percepção global sobre a democracia na Venezuela.
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