O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a implementação de tarifas recíprocas contra países que taxam produtos americanos, aprofundando sua política protecionista.
A medida, que não discrimina países específicos, marca uma nova fase na abordagem comercial de Trump.
Segundo Fernanda Magnotta, analista de internacional da CNN, o anúncio de hoje foi “o mais abrangente possível” e representa um aprofundamento da estratégia inicial de Trump. “O alvo geralmente é aquele com quem os Estados Unidos mantém déficit”, explica Magnotta.
Mudança de foco: do déficit geral para setores específicos
A analista destaca uma mudança significativa na abordagem de Trump: “Não interessa só o saldo final, se no fechar da conta o país como um todo mantém uma economia de déficit ou de superávit. Ele vai agora fazer discriminação setorial”.
Esta nova estratégia é exemplificada pelo caso do etanol brasileiro. Trump foca na disparidade tarifária específica deste setor: 2,5% nos EUA contra 18% no Brasil.
Impacto em aliados e negociações bilaterais
Magnotta ressalta que a medida afetará principalmente países considerados aliados dos EUA, incluindo nações europeias e a Índia.
“Para Trump, só existem parceiros com quem ele faz negócios, não existe uma divisão entre aliados e não aliados”, observa.
A analista também aponta para uma tendência de Trump em favorecer negociações bilaterais em detrimento de acordos multilaterais, o que pode enfraquecer ainda mais organizações como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Estratégia de “issue linkage” e precedentes históricos
Trump parece adotar uma estratégia de “issue linkage”, condicionando medidas em uma área a concessões em outra aparentemente não relacionada.
Magnotta cita como exemplo a menção de Trump aos subsídios de segurança dos EUA à Europa via OTAN no contexto das tarifas comerciais.
Embora o uso de mecanismos econômicos como forma de pressão não seja novidade na política internacional, a abrangência e a intensidade da abordagem de Trump são consideradas sem precedentes, especialmente vindas dos Estados Unidos, tradicionalmente defensores do sistema de governança internacional pós-Segunda Guerra Mundial.