Vladimir Putin surpreendeu ao aceitar a proposta de cessar-fogo na Ucrânia. No entanto, para o analista sênior de Internacional da CNN Américo Martins, o presidente russo inverteu a narrativa ao impor condições que complicam as negociações.
Moscou afirmou que concorda com a ideia de interromper os combates, desde que sejam atendidas as “principais preocupações que deram origem à guerra”.
Putin argumenta que a Rússia precisa de garantias de segurança contra a Ucrânia, invertendo a lógica defendida pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Entre as exigências russas, destacam-se duas questões cruciais:
Patrulhamento da linha de frente
Putin questiona quem seria responsável por patrulhar a extensa linha de frente de quase 2.000 quilômetros caso o cessar-fogo de 30 dias fosse aceito. A Rússia rejeita a presença de soldados ocidentais ou da OTAN em território ucraniano.
Temor de rearme ucraniano
O presidente russo expressou preocupação de que um acordo de 30 dias possa ser usado pela Ucrânia apenas para ganhar tempo, se rearmar e retomar os ataques contra a Rússia.
Enquanto as negociações diplomáticas se desenrolam, a Rússia intensifica suas operações militares. Uma ofensiva russa está em curso tanto no território de Kursk, região russa anteriormente invadida pelos ucranianos, quanto no leste da Ucrânia.
Analistas apontam que Putin busca fortalecer sua posição para futuras negociações de paz. O objetivo seria garantir que nenhum soldado ucraniano permaneça em território russo e, ao mesmo tempo, conquistar mais terreno na Ucrânia.
A paz ainda parece distante, mas não impossível. No entanto, a Rússia deixou claro que fará exigências consideradas muito duras, especialmente para a Ucrânia.
