O exército libanês atacou tropas israelenses no sul do Líbano, em um incidente incomum que pode ter implicações significativas para o conflito na região.
Segundo o analista de assuntos internacionais da CNN Lourival Sant’Anna, esse tipo de confronto entre as forças regulares dos dois países não é normal.
De acordo com Sant’Anna, o incidente ocorreu quando soldados israelenses avançaram e dispararam contra uma guarnição do exército libanês, resultando na morte de soldados libaneses. Em resposta, as forças libanesas revidaram, abrindo fogo contra as tropas israelenses.
Possível nova frente de guerra
O analista ressalta a importância de observar se este incidente permanecerá isolado ou se poderá criar uma nova frente nessa guerra.
Tradicionalmente, o exército libanês não se envolve em confrontos entre o Hezbollah e Israel, mantendo-se à margem desses conflitos.
Sant’Anna explica que o exército libanês é uma força nacional, mas internamente fragmentada por grupos sectários.
“Se ele se engaja em qualquer disputa, ele se desfaz, porque há interesses divergentes dentro do exército”, afirma o especialista.
Estrutura complexa do exército libanês
O comando do exército libanês é tradicionalmente exercido por um cristão maronita, assim como a presidência do país.
Esta estrutura é definida pelo Pacto Nacional de 1946, que estabelece a divisão de poderes entre diferentes grupos religiosos no Líbano.
Sant’Anna destaca que, desde a guerra civil libanesa (1975-1990), o exército do país tem atuado mais como uma espécie de guarda nacional, intervindo principalmente em situações de desastres, do que como uma força de defesa nacional.
Escalada de tensões na região
O incidente ocorre em um momento de aumento das hostilidades na fronteira entre Israel e Líbano.
O analista menciona que o número de mísseis disparados do sul do Líbano em direção ao norte de Israel, atribuídos ao Hezbollah, voltou a subir para cerca de 200 por dia, após uma breve redução.