Pelo menos 100 tropas norte-coreanas enviadas para a Rússia foram mortas e outras mil ficaram feridas em combate contra forças ucranianas na região de Kursk, declarou o parlamentar sul-coreano, Lee Seong-kweun, nesta quinta-feira (19), citando a agência de espionagem do país.
As perdas são atribuídas à falta de experiência das tropas norte-coreanas na guerra de drones e à falta de familiaridade com o terreno aberto onde estão participando da batalha, explicou Lee aos repórteres.
O membro do parlamento falou após uma reunião a portas fechadas do Serviço Nacional de Inteligência (NIS).
A discrepância na estimativa das tropas mortas, feita por um oficial militar dos EUA que citou centenas de baixas, se deve a análise relativamente conservadora do NIS, afirmou Lee.
“Houve um relato de que houve pelo menos 100 mortes e os feridos estão se aproximando de mil”, contou ele.
Há indícios de que o país está se preparando para o envio de reforços, continuou Lee, incluindo informações de inteligência do líder do país, Kim Jong Un, supervisionando o treinamento.
O relatório ecoou comentários de oficiais dos Estados Unidos e da Ucrânia de que as perdas norte-coreanas são grandes e a Rússia as estava usando em grandes números em ataques em Kursk, região russa onde a Ucrânia lançou uma incursão em agosto.
Apoio militar norte-coreano à Rússia
Mais de 10 mil tropas norte-coreanas foram mobilizadas para ajudar a Rússia na guerra, segundo autoridades dos EUA e da Coreia do Sul.
Pyongyang também enviou mais de 10 mil contêineres de projéteis de artilharia, foguetes antitanque, bem como armas de apoio mecanizadas e lançadores de foguetes.
Nem a Coreia do Norte e nem a Rússia, reconheceram oficialmente a mobilização de tropas ou o fornecimento de armas.
O presidente Vladimir Putin visitou Pyongyang em junho e assinou um tratado de “parceria estratégica abrangente” com o líder norte-coreano Kim Jong Un, que incluía um pacto de defesa mútua.
Ainda nesta quinta-feira (19), a Coreia do Norte informou que sua aliança militar com a Rússia está se mostrando “muito eficaz” em dissuadir os Estados Unidos e suas “forças vassalas”, denunciando uma declaração recente de Washington e aliados contra os laços entre Pyongyang e Moscou.
O país asiático não fez menção ao seu envolvimento na guerra na Ucrânia ou às baixas.
Em vez disso, denunciou uma declaração dos americanos, de mais nove países e da União Europeia emitida na segunda-feira (16) como “distorcendo e caluniando a essência das relações cooperativas normais” entre norte-coreanos e russos.
Em uma declaração de um porta-voz não identificado do Ministério das Relações Exteriores, Pyongyang culpou Washington e seus aliados por prolongar a guerra ucraniana e desestabilizar a situação de segurança na Europa e Ásia-Pacífico.
“É devido aos atos equivocados dos EUA e do Ocidente que persistem em sua política militar destrutiva de estrutura”, exclamou.
Entenda a Guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin. Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.