A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná confirmou uma morte por coqueluche em Londrina. Segundo comunicado, a vítima era um bebê com seis meses. Esta é a primeira morte registrada após três anos sem óbitos pela doença no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Antes disso, o País registrou uma morte por coqueluche em 2020 e 12 óbitos pela doença em 2019.
A secretaria paranaense investiga ainda uma segunda morte por coqueluche: um bebê de três meses, residente de Irati.
Causada pela bactéria Bordetella pertussis e conhecida também como tosse comprida, a coqueluche é uma infecção respiratória que, na primeira fase da doença, tem sintomas muito semelhantes aos da gripe, dificultando
o diagnóstico logo de início. Ela é transmitida pelo contato com secreções de uma pessoa contaminada, seja em objetos infectados ou por gotículas disseminadas na fala e na tosse.
Nesse cenário, há grupos que estão mais vulneráveis a manifestações graves, especialmente bebês com até seis meses. Se forem contaminados pela bactéria da coqueluche, eles podem apresentar complicações como desidratação, pneumonia, convulsões e lesão cerebral. Por isso, são os mais afetados quando se olha para a mortalidade da doença.
Vale lembrar que a coqueluche é uma infecção prevenível por meio da vacinação, feita com o imunizante pentavalente, com aplicação gratuita pelo SUS aos 2, 4 e 6 meses, com intervalo de 60 dias entre as doses.
Em 2024, o País enfrenta uma alta no número de casos, especialmente nos Estados de São Paulo (194 casos), Paraná (36 casos) e Minas Gerais (35 casos). A infecção nunca foi erradicada e, em momentos de maior vulnerabilidade da população, ela reaparece.
O último surto no Brasil foi em 2014, quando o País registrou 8.614 casos. Segundo a infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Raquel Stucchi, os surtos acontecem quando a cobertura vacinal está abaixo da meta.
Além da pentavalente, disponível no SUS para crianças, a vacina tríplice bacteriana acelular (dTpa) também garante proteção contra a coqueluche e é aplicada gratuitamente em profissionais de saúde e gestantes a partir da 20ª semana de gravidez.
A imunidade adquirida pela vacina não é permanente. Segundo o Ministério da Saúde, após 5 a 10 anos da última dose, a proteção pode ser pouca ou inexistente. Em pessoas que já foram infectadas pela bactéria da coqueluche, acontece o mesmo.
Segundo a infectologista da SBI, todo adulto deveria receber o reforço da tríplice bacteriana a cada 8 ou 10 anos. No entanto, essas doses ainda não estão incorporadas no calendário de vacinação para adultos. “Se puderem, devem procurar a saúde suplementar para fazer essa vacina”, diz Raquel. Existe a recomendação, inclusive, de que pessoas que irão conviver com um bebê — pais, avós, cuidadores — tomem a tríplice bacteriana, se possível.
Além da vacinação, outras formas de evitar a transmissão da coqueluche incluem o uso de máscaras frente ao aparecimento de qualquer sintoma respiratório e a busca por atendimento médico caso a tosse persistir por mais de dez dias para início do tratamento.
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