Você já ouviu falar em aves que nascem com penas invertidas? Essa é a história de Shoka, uma arara-canindé, também conhecida como arara-azul-e-amarela, que enfrenta dificuldades desde filhote, mas encontrou uma nova chance para reabilitação e, quem sabe, para alçar voo pela primeira vez.
Shoka nasceu com uma condição conhecida como pena invertida, onde o crescimento das penas ocorre de forma anormal. O antigo tutor dela, ao perceber que ela não conseguia voar como as outras aves que criava soltas, decidiu entregá-la a um amigo.
Posteriormente, a arara encontrou seu lar definitivo com a tutora Aryana Popperl, que a acolheu e iniciou um processo de recuperação para que pudesse um dia voar.
“Quando ela chegou para mim, estava com as penas realmente invertidas e muito feia. Agora, depois da troca de penas, tudo voltou ao normal. O problema é que, como nunca voou, sua musculatura das asas está atrofiada. Para ela conseguir voar, precisa de um trabalho intenso de fortalecimento”, explica Aryana.
Ao Primeira Página, Aryana, que cuida de outras aves em um viveiro em Várzea Grande, conta que Shoka tem uma personalidade bem forte e adora ser o centro das atenções.

“A Choca é ciumenta… Se outras (araras) me dão beijos, ela fica brigando comigo”, conta Aryana.
O veterinário especializado em animais silvestres e exóticos, Marco Aurélio Molina Pires, esclarece que a muda de penas é um processo natural e essencial para as aves.
“A troca das penas nas aves é como a queda do nosso cabelo. Ocorre em um período específico e cada espécie tem seu ritmo. Muitas vezes, penas invertidas estão associadas a deficiências nutricionais. Outra possível causa disso é o abscesso de pena, quando a pena nasce dobrada ou com o canhão invertido”, explicou o médico.
Marco Aurélio também detalha sobre o processo de reabilitação necessário para aves aprender novamente a voar.
“É preciso ter recintos específicos para voo, para que ela consiga praticar o voo. Isso pode demorar muito tempo para que ela consiga fortalecer a musculatura da asa, mas é muito comum nessa espécie, eles pararem de de voar e acabar só andando, eles usam bico para escalar e as patas, então eles acabam não utilizando mais a as asas”.
Com dedicação e paciência, Aryana segue na missão de ajudar Shoka a conquistar os céus pela primeira vez.
Enquanto isso, a arara segue explorando o mundo de outra forma, escalando e caminhando com o auxílio do bico e das patas, aguardando o dia em que poderá finalmente alçar voo.
-
Onça equilibrista: felino se arrisca no alto da árvore para tirar um cochilo
-
Mãe é quem cria: bugio ‘adota’ papagaio no Pantanal