A bebê de 10 meses morta vítima de bronquiolite na manhã desta segunda-feira (14), em Campo Grande, já estava sem vida quando os pais buscaram ajuda do Corpo de Bombeiros. Conforme o tenente Márcio Henrique, médico a receber a criança no quartel do bairro Tijuca, entubação e manobras de reanimação foram feitas durante uma hora.
“Eu vi que já havia um certo tempo de parada cardiorrespiratória, mas mesmo havendo o mínimo de chance, 1% de chance que fosse, nós seguimos com as medidas de reanimação, é, fizemos intubação, monitorização, medicação”.
O profissional, que estava no plantão daquela madrugada, contou com apoio do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) Deslocamos para lá o mais rápido possível. Chegando lá, tinha um apoio da equipe do SAMU que já estava no local.
“Tentamos por uma hora, mas infelizmente a criança evoluiu para óbito”. Ele explica que a Polícia Civil foi acionada “porque havia algumas incongruências” no relato dos pais. Além disso, no exame físico o médico notou que havia algumas pequenas lesões no corpo da menina.
Diante do cenário o casal foi encaminhado à Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), por isso o bebê chegou “sem pais ou qualquer responsável” à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário, como informou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
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Negligência: pais de bebê morta por broncopneumonia são presos
“Apesar da situação trágica, da tragédia, apesar dessa suspeita, o que acalenta um pouco nosso coração foi que os órgãos de segurança, os órgãos de saúde, tanto a parte do Bombeiro, quanto o Samu, todo mundo agiu rápido de forma eficiente para que pudéssemos iniciar rapidamente essa análise, essa possível investigação”, conclui o médico.
Caso
Inicialmente os pais da bebê foram ouvidos e estavam custodiados na Depca, mas durante à tarde houve pedido de prisão preventiva de ambos. Os outros dois filhos deles, uma menina de 3 e um menino de 6 anos, estão sob cuidados do conselho tutelar.
Ambos devem passar por audiência de custódia ainda nesta terça-feira (15). Segundo o delegado Roberto Carlos Morgado Filho, um inquérito policial também será instaurado para apurar o crime de maus-tratos qualificado, praticado contra pessoa menor de 14 anos.
Foi arbitrada fiança de R$ 5 mil aos dois, mas não houve pagamento até o momento.
Antes da morte
O prontuário médico hospitalar da bebê também foi analisado. Há registros, repassados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), de que a criança foi atendida pela primeira vez na última sexta-feira (11), às 13h07, na USF (Unidade de Saúde da Família) do bairro Caiobá.

No local, ela foi avaliada e levada para a UPA Universitário. Segundo a pasta, às 15h01 a bebê recebeu classificação de risco amarelo, o que indica necessidade de atendimento em tempo oportuno, mas sem risco iminente de morte.
O primeiro atendimento médico, realizado às 15h08, apontou diagnóstico de bronquiolite. Às 15h20, a criança recebeu medicação no leito de observação e foi submetida a um exame de raio-x. Mais tarde, às 18h57, houve nova reavaliação médica, sendo mantido o protocolo de medicação.
Já à noite, a secretaria informou, por meio de nota, que a família teria deixado a UPA por conta própria. A criança não retornou à unidade até uma nova tentativa de atendimento, que ocorreu apenas na segunda-feira (14), data do óbito.