Bloqueios, quartéis invadidos e reféns: o que seguidores de Evo Morales querem?

CNN Brasil


Há 19 dias, produtores de coca, camponeses e mineradores que seguem o ex-presidente da Bolívia Evo Morales bloquearam diversos pontos em estradas, principalmente na região de Cochabamba, em protesto contra o governo de Luis Arce.

Nesta sexta (1), após o envio de forças de segurança e tratores para desmontar os bloqueios, parte dos seguidores do ex-presidente invadiram unidades militares da região de Cochabamba, reduto de Morales, e mantiveram militares como reféns.

As invasões ocorreram após o governo Arce iniciar uma operação para acabar com os bloqueios, com o envio de forças de segurança e tratores para remover manifestantes e escombros. Os policiais militares usaram gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.

Os bloqueios de estrada, modalidade frequente de manifestações no país, começou para defender o ex-presidente. Morales é investigado por supostas relações com uma menor de idade e, como foi intimado a depor e não compareceu, pode ter um mandado de prisão emitido contra ele.

O líder indígena afirma que o caso já foi investigado e que nenhuma prova foi encontrada contra ele. Ele alega estar sofrendo perseguição de Arce, com quem está em conflito.

Além da defesa do ex-presidente, os seguidores de Morales também se queixam das dificuldades econômicas, como aumentos de preços e escassez de combustível e de dólares, e pedem a renúncia de Arce.

No último fim de semana, Morales publicou um vídeo em que aparece sofrendo um ataque a tiros, tem o carro atingido por disparos. O ex-presidente acusa Arce de tentar assassiná-lo.

As autoridades bolivianas, no entanto, afirmam que o ex-presidente passou por um bloqueio policial e foi quem, inicialmente, disparou contra agentes.

O episódio inflamou ainda mais os seguidores de Morales que protestam na região de Cochabamba. Segundo o governo Arce, os bloqueios de estrada estão impedindo a circulação de combustível, alimentos e remédios, e já geraram um prejuízo aproximado de 1,7 bilhão de dólares para o país.

No fim da tarde desta sexta (1º), Morales pediu que seus seguidores reconsiderem os bloqueios para evitar “episódios de sangue”. Ele também anunciou que entrará em greve de fome até que o governo Arce instale mesas de diálogo para lidar com as crises econômica e política do país.

Ex-aliados, Morales e Arce estão em um confronto aberto pela liderança do partido Movimento ao Socialismo (MAS) e pela pretensão do ex-presidente de concorrer novamente à presidência nas eleições do ano que vem.



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