Em depoimento à Polícia Civil no caso do bolo envenenado, obtido pela CNN, Zeli dos Anjos, sogra da acusada Deise dos Anjos, afirmou que a esposa do filho era “dissimulada e manipuladora” e que “fez um teste no Instagram” sobre ela que apontava “características de uma psicopata”.
Segundo investigação policial, Deise seria a responsável por envenenar a farinha utilizada na confecção do bolo de reis por Zeli. A sogra preparou a sobremesa que causou a morte de três pessoas na semana do Natal em Torres, no Rio Grande do Sul.
“Afirma com certeza que Deise é dissimulada e manipuladora”, consta no depoimento de Zeli. “Certa vez, fez um teste no Instagram em que havia 8 perguntas sobre as características de uma psicopata e a declarante (sogra) viu que Deise se encaixava nestas 8 características”.
Zeli também afirmou ter certeza de que Deise envenenou a farinha. Ela ainda contou no depoimento que “tem medo da nora ´enquanto ela estiver viva´ e teme pela sua segurança caso algum dia ela deixe o presídio.”
A acusada foi presa em 5 de janeiro.
“Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito”, informou a defesa.
Preparo do bolo
Também no depoimento, Zeli revelou o passo a passo do preparo do alimento.
Dos ingredientes que tinha em casa, Zeli afirmou que “utilizou a farinha que estava embaixo da pia, passa pretas e frutas cristalizadas”. A sogra disse ainda que “esqueceu de colocar fermento no bolo”.
O glacê do bolo “foi feito com o açúcar que tinha em casa”. Durante o preparo, ela afirmou que “não experimentou a massa do bolo, nem sentiu odor diferente.
No entanto, Zeli disse que “achou a farinha estranha”. A sogra conta que “peneirou”, mas pensou que a farinha era de baixa qualidade por ser de doação e de uma marca desconhecida – a doação se refere à ajuda para vítimas de enchentes no RS.
Instabilidade emocional
Diego dos Anjos, filho de Zeli e marido de Deise, também revelou no depoimento instabilidade emocional da esposa.
“Deise sempre foi briguenta, se irritando constantemente com situações pequenas com as outras pessoas”, relatou o marido à polícia.
“Deise vai do 8 ao 80 muito rápido”, disse Diego aos policiais.
O marido ainda relatou sobre um desentendimento com Deise ocorrido no dia 21 de novembro de 2024. “Deise queria que Zeli passasse o Natal com eles (ela, marido e filho), sendo que a sogra queria passar a data com as irmãs dela”, consta no depoimento.
Ainda segundo o relato, Diego saiu de casa e foi para a residência da mãe, em Canoas, retornando apenas no dia 25 de novembro para Nova Santa Rita. “Neste desentendimento, de fato, segurou Deise pelos braços, pois estava jogando as roupas no depoente”, consta.
Diego, porém, disse no depoimento que não acredita que a esposa tenha envenenado a farinha.
Fotos – veja quem é quem na história
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Deise Moura dos Anjos é a principal suspeita dos envenenamentos. Nora de Zeli, ela é acusada de ter envenenado o bolo que matou três pessoas e deixou outras duas internadas • Redes Sociais
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Zeli dos Anjos é a sogra de Deise e a responsável por preparar o bolo envenenado. Ela ficou internada em estado estável na UTI do Hospital Senhora dos Navegantes e recebeu alta em 10 de janeiro. Zeli também foi vítima de uma tentativa de envenenamento por Deise, assim como duas de suas irmãs. A polícia acredita que ela era o principal alvo • Redes Sociais
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Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, era irmã de Zeli. Ela foi uma das vítimas fatais da tragédia familiar. Para os investigadores, ela também tinha desentendimentos com Deise, em decorrência da antipatia da suspeita com a sua filha, Tatiana Denize • Redes Sociais
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Tatiana Denize aparece como um dos exemplos que mais simbolizam a banalidade das motivações da suspeita. Denize decidiu se casar em uma igreja, cujo desejo de realizar a cerimônia matrimonial era de Deise. O fato da prima escolher o mesmo local, e realiza-lo antes dela, nunca teria sido aceito • Redes Sociais
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Matheus, de 10 anos, foi uma das vítimas da intoxicação do bolo com arsênio. Filho de uma das vítimas, a criança sobreviveu e foi a primeira pessoa liberada do Hospital de Navegantes. A polícia acredita que ele não era um dos alvos de Deise, mas acabou envenenado por consumir o bolo • Redes Sociais
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Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, era irmã de Zeli e consumiu o bolo no café da tarde que intoxicou a família. Por enquanto, não há informações sobre quais seriam os desentendimentos dela com Deise • Redes Sociais
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Paulo Luiz dos Anjos era sogro de Deise, e morreu em setembro de 2024 por uma suposta infecção intestinal. A polícia exumou seu corpo e encontrou arsênio, confirmando que ele também foi envenenado, possivelmente por meio de leite em pó entregue por Deise • Redes Sociais
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Diego Silva dos Anjos é filho de Zeli dos Anjos e Paulo Luiz, que morreu em setembro de 2024. Ele é casado com Deise há mais de 20 anos. A Polícia Civil, em coletiva, descartou, por ora, a possibilidade do envolvimento deles nos envenenamentos.
Diego, Deise e o filho moram em Nova Santa Rita. A sogra tem residências em Canoas e Arroio do Sal. O Natal onde ocorreu a tragédia foi no apartamento de Maida (irmã de Zeli), em Torres.
Além de Maida, outra irmã de Zeli, Neuza, morreu na madrugada do dia 24 de dezembro depois de ingerir o bolo com arsênio. Tatiana, sobrinha, morreu após ser hospitalizada, no dia 25.
O sobrinho-neto, Matheus, e a sogra, Zeli, foram hospitalizados e receberam alta posteriormente.
Bananas da enchente
Diego dos Anjos também revelou no depoimento que acreditava que o pai, Paulo Luiz dos Anjos, tinha morrido após comer uma “banana da enchente”, que estaria contaminada no Rio Grande do Sul.
Paulo morreu em setembro de 2024, três meses antes do caso do bolo. A polícia aponta Deise como a responsável pelo assassinato. Ela teria colocado veneno (arsênio) no leite em pó consumido pelo sogro.
A descoberta ocorreu após exumação do corpo de Paulo. A perícia constatou que havia uma alta concentração de arsênio no estômago da vítima, cerca de 264 miligramas.
Diego contou que foi para Torres sozinho, assim que soube que o pai foi hospitalizado. “Que pensou em algumas vezes que quem pudesse ter ocasionado a morte seria o próprio declarante (ele mesmo) em virtude das bananas da enchente que estavam na casa”, consta no relato.
Ele disse ainda que a esposa nunca incentivou a descobrir a real causa da morte de Paulo.