Já se passaram três meses e dez dias desde que um barco à deriva no litoral do Pará foi encontrado por pescadores com pessoas mortas dentro. Até agora, nenhuma vítima foi identificada.
O caso, assim que chegou ao conhecimento da Polícia Federal, culminou em uma força-tarefa, com equipes saindo de Brasília até Belém, onde se concentraram os trabalhos inicialmente.
Na primeira semana, a PF identificou que eram nove corpos, em estado avançado de decomposição. A causa da morte ainda não foi confirmada, mas a Polícia Federal acredita que tenha sido falta de água e comida.
Alguns documentos e objetos foram encontrados juntos aos corpos e apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali. A PF trabalha nesse ponto.
A investigação aponta uma organização criminosa responsável pela migração ilegal.
“Encontramos 25 capas de chuva no barco e 23 idênticas, isso evidencia a organização que existe por trás disso, com certeza. Para colocar um barco, mesmo que precário, com custo alto, existe uma organização”, disse à CNN em abril José Roberto Peres, superintendente da PF no Pará.
Segundo o delegado, “alguém ali organizou, colocou esse barco no mar e com certeza vendeu algumas vagas para as pessoas vulneráveis que pretendiam buscar uma vida melhor”.
A PF segue também no trabalho de identificação das vítimas com base nas digitais e nos celulares que foram encontrados dentro do barco, mas a deterioração prejudica a análise, no Instituto Nacional de Criminalística (INC).
O trabalho realizado pelas instituições segue os protocolos de identificação de vítimas de desastres da Interpol (DVI). A PF espera que nas próximas semanas já haja identificação das vítimas para que as famílias sejam comunicadas.
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