Caso Vitória: como polícia usará software de Israel para resolver crime

CNN Brasil


Dez celulares foram apreendidos na investigação da morte de Vitória Regina de Sousa, ocorrido na Grande São Paulo. A perícia utiliza um software para recuperar conversas, fotos, vídeos e histórico de internet dos aparelhos dos três principais suspeitos e de testemunhas.

A jovem de 17 anos foi encontrada morta e a Polícia Civil vai determinar a motivação do crime e o papel de cada suspeito. Até o momento, um suspeito foi preso.

O software Cellebrite, utilizado pela polícia, permite recuperar dados apagados de telefones, incluindo conversas de WhatsApp, localização e histórico de redes sociais.

Software israelense

Cellebrite é um software usado por forças policiais e agências de inteligência em todo o mundo. A ferramenta permite recuperar informações de celulares mesmo após a exclusão dos dados.

O aplicativo é projetado para extrair dados de dispositivos móveis, especialmente aqueles que possuem bloqueios de segurança. O software pode superar essas barreiras e “driblar” as restrições.

O software pode acessar não apenas os dados visíveis, mas também informações que estão ocultas ou que normalmente não seriam acessíveis por métodos de extração comuns. Após a extração, o software oferece ferramentas para analisar os dados, gerar relatórios e exportar as informações em diferentes formatos.

As autoridades precisaram do software para recuperar dados de cerca de 10 GB em cada celular apreendido. O uso dessa tecnologia possibilitou, por exemplo, acessar o vídeo de um dos suspeitos, que gravou o trajeto que Vitória fazia do ponto de ônibus em que descia, em Cajamar, até a sua casa.

Além das conversas apagadas, fotos e vídeos, o histórico de internet e das redes sociais também foi acessado através do Cellebrite, com o objetivo de identificar os contatos dos suspeitos e da vítima.

A polícia espera que o uso do Cellebrite auxilie a investigação criminal a obter provas relevantes e a delimitar a participação de cada envolvido.

Investigação

Um laudo que compara o sangue encontrado no carro e na casa do suspeito com o DNA da vítima deve ser liberado em breve. Apesar disso, acredita que as informações recuperadas serão cruciais para delimitar a participação de cada envolvido e determinar como ocorreu a dinâmica do crime.

O prazo para conclusão do inquérito é de até 60 dias, já que um dos suspeitos está em prisão temporária, que pode ser prorrogada pelo mesmo período.

A expectativa é de que o laudo do sangue e a análise dos celulares recuperados com o Cellebrite ajudem os investigadores a chegar mais perto de um desfecho para o caso, esclarecendo as circunstâncias do crime e os responsáveis por ele.

Relação entre suspeitos e vítima

O foco dos investigadores agora está em Maicol, Daniel e Gustavo. A polícia garante que todos os envolvidos eram do ciclo e conheciam a vítima. A CNN preparou uma arte que explica a ligação entre os três suspeitos e a vítima.

Entenda qual era a relação entre vítima e suspeitos de crime em Jandira (SP) • CNN

A polícia tem convicção de que os suspeitos se conheciam, contudo, ainda não ficou esclarecido qual era a relação entre Maicol e Gustavo, sendo Daniel a pessoa que “conecta” os suspeitos, em virtude da amizade com ambos. A polícia busca esclarecer o envolvimento de cada um deles no crime.

O ex-namorado da vítima, Gustavo Vinícius Moraes apresentou inconsistências em depoimento e teve celular apreendido pela Polícia Civil. Gustavo se apresentou à polícia alegando temer por sua vida.

polícia encontrou inconsistências no depoimento e a geolocalização de seu celular do ex-namorado coloca ele próximo à casa da vítima, no momento do crime. Gustavo disse haver emprestado o veículo para um amigo, caindo em contradição.

“Já temos uma prova contundente do ex-namorado próximo ao local do crime”, declaro o delegado Aldo Galiano Junior, responsável pela investigação.

Um dos suspeitos com mais envolvimento no caso, Maicol, era vizinho de Vitória, e foi identificado como proprietário do Toyota Corolla visto seguindo Vitória. Ele teve a prisão temporária decretada por 30 dias. Em depoimento, ele apresentou contradições, tendo álibi confrontado e contestado pela companheira. Vizinhos relataram movimentações suspeitas, na noite do desaparecimento de Vitória.

Polícia Civil de São Paulo afirmou em coletiva nessa segunda-feira, que Maicol Antonio Sales dos Santos, dono do Corolla visto próximo ao local do desaparecimento de Vitória Regina de Sousa, é “um dos envolvidos” no crime.

Entenda porque polícia acredita que dono de carro é “um dos envolvidos” no crime, diz polícia

Outro suspeito do caso, Daniel Lucas Pereira era amigo de Vitória, e também teve o celular apreendido. A polícia investiga filmagens feitas por ele do trajeto entre o ponto de ônibus e a casa da vítima. A prova pode corroborar as suspeitas de que o crime foi premeditado. 

No dia em que Vitória desapareceu, Maicol e Daniel estiveram juntos, segundo depoimento à polícia. A relação entre eles, contudo, nunca fora de total parceria. Também em depoimento, Daniel disse que teria sido envolvido por Maicol no caso por conta de um desentendimento antigo deles, por brigas no futebol.

Apesar das evidências, a justiça negou o pedido de prisão temporária de Daniel, alegando que sua única conexão com o caso é a fotografia do veículo. No entanto, polícia possui imagens que mostram Daniel seguindo Vitória por três ou quatro dias, antes do crime.

“A prova já está materializada no celular dele”, afirmou Luiz Carlos do Carmo.

Segundo as investigações, Daniel também fotografou o carro de Maicol Antonio Sales dos Santos — primeiro suspeito com prisão preventiva decretada — e enviou as imagens para família da vítima..

A investigação descartou envolvimento do pai de Vitória e foca em três suspeitos.

Relembre o caso

desaparecimento e a trágica morte de Vitória Regina de Sousa, uma jovem de 17 anos comoveu os moradores de Cajamar (SP). A história começou em 26 de fevereiro, quando Vitória, após um dia de trabalho em um shopping local, pegou o ônibus de volta para casa.

Naquela noite, Vitória compartilhou mensagens de texto com uma amiga, expressando o medo que sentia ao perceber que estava sendo seguida por dois homens. Testemunhas relataram ter visto um automóvel com quatro homens seguindo a jovem depois que ela desceu do ônibus.

Após seu desaparecimento, a cidade se uniu em buscas incessantes. A polícia e os familiares, apoiados por diversos agentes, cães farejadores e drones, procuraram por Vitória em todos os cantos da região.

A angústia chegou ao fim em 5 de março, quando o corpo de Vitória foi encontrado em uma área de mata em Cajamar. O corpo da jovem estava em estado avançado de decomposição e apresentava sinais de violência. Um policial que estava no local das buscas informou que o corpo da vítima foi bastante violentado. A jovem estava com a cabeça raspada e sem as roupas.

A Delegacia de Polícia de Cajamar assumiu a responsabilidade pela investigação, trabalhando com diversas hipóteses para o crime. Mais de 18 pessoas foram ouvidas e dois veículos foram apreendidos para perícia. A principal linha de investigação é que a morte de Vitória foi por vingança.

O corpo de Vitória foi velado e enterrado sob forte comoção de parentes, amigos e moradores da cidade. Gritos de “justiça” foram entoados durante o sepultamento.

Linha do tempo

A CNN preparou uma linha cronológica desde o desaparecimento até o momento em que o corpo foi encontrado. Confira.



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