Casos de “virose“ no litoral de SP passam de 11 mil, segundo levantamento da CNN


A Baixada Santista, em São Paulo, enfrenta um “surto de virose” que teve início ainda no mês de dezembro de 2024. Um levantamento da CNN mostra que o número de pessoas com sintomas como diarreia, náuseas e vômito passou de 11 mil casos em cidades do litoral paulista.

Na quarta-feira (8), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo, por meio do Instituto Adolfo Lutz, confirmou a presença de norovírus em fezes humanas coletadas nas cidades de Guarujá e Praia Grande.

“Estamos investigando, em conjunto com a Cetesb, Sabesp e os municípios da Baixada Santista, a fonte que causou esta infecção”, afirmou Regiane de Paula, coordenadora em saúde da coordenadoria de Controle de Doenças da secretaria.

O norovírus é altamente contagioso e transmitido por via oral-fecal. Causador de gastroenterite, o vírus provoca diarreia intensa, vômitos e, em alguns casos, febre alta. Na maioria dos casos, gera quadros leves mas exige atenção, especialmente, em grupos de risco como crianças e idosos.

Baixada Santista de São Paulo registra casos de virose • Reprodução

Veja a situação nas cidades da Baixada Santista:

Guarujá

A cidade de Guarujá foi a mais afetada com o surto, ultrapassando os 2 mil casos. Em algumas unidades de saúde do município, o tempo de espera para atendimento chegou a 4 horas. No último domingo (4), uma mulher de 29 anos morreu após um quadro de virose. A jovem estava no interior de São Paulo e havia retornado de uma viagem ao Guarujá.

Santos

Com 1.930 atendimentos relativos a casos de viroses no município, Santos é a segunda cidade do litoral com o maior número de casos, atrás apenas de Guarujá. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a capacidade atual do sistema é suficiente para dar conta da demanda e não há nenhum paciente internado.

“O consumo de alimentos de origem desconhecida e as enchentes causadas pelas chuvas são fatores de risco. Ou seja, cuidados pessoais são fundamentais para manter a saúde”, ressaltou a pasta.

Mongaguá

Segundo a secretaria de Saúde de Mongaguá, desde o dia 23 de dezembro, foram realizados 1.783 atendimentos por virose na cidade, o equivalente a 15% do total de atendimentos no período.

De acordo com a pasta, não foi reportada nenhuma internação até o momento. “Estima-se que o aumento nos números seja por conta do alto fluxo de turistas no município durante o período, quando o número de pessoas aumenta em mais de 800%”, afirmou.

São Vicente

Em São Vicente, desde o começo de dezembro, foram confirmados 1.460 casos de gastroenterocolite.

A secretaria de Saúde informou que uma pessoa está internada. O quadro de saúde da paciente é estável. Ainda segundo a pasta, “o cenário está controlado, não havendo necessidade de plano emergencial”.

Itanhaém

A prefeitura de Itanhaém informou que desde o dia 1º de janeiro foram realizados 1.145 atendimentos de casos de virose na cidade, somando a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e UPA Infantil.

De acordo com a gestão municipal, os principais sintomas são dores abdominais, náusea, vômito, diarreia e tontura. A prioridade de atendimento nas unidades de saúde tem sido pacientes em situação de maior vulnerabilidade, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas e condições debilitantes.

Cubatão

O município de Cubatão atendeu 915 casos de pessoas com sintomas como diarreia, náuseas e vômito na primeira semana de janeiro de 2025. Não foi registrada nenhuma internação.

Segundo a secretaria de Saúde do município, o maior número de atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi na segunda-feira (6), com 107 casos reportados. A pasta afirmou que não foi necessário ampliar o número de equipes nas unidades de saúde durante o período.

Bertioga

Em nota, a prefeitura de Bertioga informou que desde o início de dezembro de 2024 até a terça-feira (7), foram atendidos 707 pacientes com sintomas de diarreia e gastroenterite no hospital municipal. Ainda segundo a secretaria, não há informação de pessoas internadas por conta da doença.

Praia Grande

À CNN, a prefeitura de Praia Grande informou que houve queda no número de atendimentos de urgência e emergência nos últimos dias, incluindo casos ligados a viroses.

De acordo com a Secretaria de Saúde Pública (Sesap), mesmo com a alta de casos na primeira semana de 2025, a situação no município não ficou caracterizada como um surto. “Equipes de saúde foram reforçadas para darem todo o suporte necessário neste período”, ressaltou a pasta.

Por protocolo do Ministério da Saúde, as cidades não precisam notificar casos de virose, exceto em casos de surto. Por essa razão, a secretaria esclareceu que não tem um número relativo aos atendimentos desses casos na cidade.

A CNN entrou em contato e aguarda o retorno da prefeitura de Peruíbe.

Prevenção e cuidados

Na segunda-feira (6), os secretários de saúde das cidades da região e o governo estadual se reuniram para abordar as medidas que serão adotadas nos casos agudos de gastroenterocolite.

A diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria de Estado da Saúde, Alessandra Lucchesi, fez alertas aos moradores e turistas. “Não é recomendado tomar banho de mar nas 24 horas após períodos de chuva”, explicou.

“Os alimentos também devem ser preparados e armazenados de forma adequada, sempre refrigerados”, concluiu.

Entre as recomendações do governo estadual está a atenção para as sinalizações sobre a qualidade da água do mar, com orientação para evitar os locais impróprios para banho, identificados com bandeiras vermelhas. A secretaria da saúde ressalta que nenhum medicamento deve ser tomado sem conhecimento e indicação médica.

Confira outros cuidados:

  • Evite alimentos mal cozidos
  • Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados
  • Leve seus próprios lanches durante passeios ao ar livre, corretamente armazenados
  • Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques
  • Lave as mãos antes de se alimentar ou preparar alimentos
  • Beba sempre água filtrada
  • Não consuma gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água mineral de procedência desconhecida



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