As recentes chuvas em algumas regiões do Brasil têm chamado a atenção pela sua irregularidade, marcando um início atípico do período úmido.
Em entrevista à CNN, a meteorologista Heloísa Pereira explicou como as queimadas estão influenciando diretamente esse fenômeno.
Segundo Pereira, o aumento significativo no número de incêndios tem um impacto direto na formação das chuvas.
“Quanto mais poluentes você tem em suspensão na atmosfera, mais essa situação de formação de nuvens, formação de instabilidade vai ser afetada, vai ser alterada”, afirmou a especialista.
O mecanismo por trás da irregularidade das chuvas
A meteorologista detalhou o processo pelo qual as partículas em suspensão na atmosfera, incluindo a fuligem das queimadas, atuam como núcleos de condensação.
Em condições normais, a umidade se deposita nessas partículas, formando gotas de chuva.
No entanto, o excesso de poluição pode resultar em muitas partículas com pouca água, dificultando a formação de chuvas mais robustas.
Segundo a meteorologista, esse fenômeno explica por que, em cidades como São Paulo, é comum observar um céu nublado que não resulta em chuva significativa. “Era muito difícil transformar isso numa chuva mais robusta”, explicou Pereira.
Impactos além da chuva
A especialista também abordou os efeitos das condições atmosféricas na saúde pública e nos eventos climáticos extremos.
O tempo seco prolongado, agravado pela poluição, não só piora a qualidade do ar como também pode contribuir para a formação de tempestades intensas quando finalmente chove.
Um exemplo recente foi o temporal que atingiu São Paulo, com ventos de mais de 100 km/h.
A meteorologista explicou que fatores como o contraste térmico, a baixa pressão atmosférica e o efeito de ilha de calor urbano podem intensificar essas tempestades, resultando em fenômenos como as “microexplosões”, que são rajadas de vento intensas que causam danos significativos.
A meteorologista alertou que esses eventos tendem a se tornar mais frequentes nesta época do ano, ressaltando a importância do monitoramento das condições atmosféricas para mitigar possíveis impactos.
Confira a entrevista na íntegra: