Mato Grosso do Sul já registrou, somente em 2025, cinco feminicídios, sendo todos ocorridos no mês de fevereiro. Até o momento, a data empata com o ano de 2024, quando também foram registrados cinco crimes no período, tornando-se um dos meses mais perigosos para mulheres nos últimos 10 anos.
De acordo com dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) de MS, alguns municípios como Água Clara (5 anos), Caarapó (6 anos) e Juti (9 anos), não registravam o crime de feminicídio há muito tempo.
No caso de Juti, cidade distante 295 quilômetros de Campo Grande, e com maior espaço temporal, o feminicídio ocorrido na manhã desta segunda-feira (24) trouxe os holofotes para a região, que já estava acostumada a apenas escutar relatos desse tipo de crime em cidades vizinhas ou distantes.
Porém, a rotina dos moradores mudou após a descoberta da morte de Emiliana Mendes, de 65 anos, estrangulada pelo namorado, Vanderson dos Santos Carneiro, de 35. Ela foi arrastada por mais de 100 metros pelo centro da cidade até a residência onde foi encontrada. O autor acabou preso horas depois na BR-163, oito quilômetros distante de onde matou a companheira.
Apesar de pacata, o crime não deixou de acontecer com requintes de crueldade, assim como ocorre em municípios mais populosos de Mato Grosso do Sul.
Ao Primeira Página, o delegado Edson Leandro Santiago de Lira, responsável pelo caso, contou que a vítima não possuía nenhum registro de violência doméstica contra Vanderson, muito menos de medida protetiva.
Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Juti possui 6,6 mil habitantes. Mesmo não registrando feminicídio há nove anos, parceria entre a Polícia Civil e a prefeitura municipal busca instalar uma Sala Lilás, ainda em 2025, para reduzir os dados de violência contra mulher que são registrados na região.
“Juti possui registros de violência doméstica, mas isso não é um fator isolado, é uma pandemia que atinge todos os municípios de Mato Grosso do Sul. Em termos estatísticos, estamos muito longe dos grandes centros, que possuem uma demanda maior justamente pelo número da população”
Edson Leandro Santiago de Lira
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Dados
Conforme dados divulgados pelo Monitor de Violência Contra a Mulher da Sejusp, Juti registrou, nos últimos 10 anos, 504 boletins de ocorrência a respeito da violência doméstica. Neste ano, em dois meses, já são 14.
Além de Juti, Caarapó também não vivia um crime como esse há seis anos. No primeiro feminicídio do ano, registrado no dia 1º de fevereiro, Karina Corin foi baleada na cabeça pelo ex-marido, Renan Dantas, que também atirou e matou a amiga dela, Aline Rodrigues. Em seguida, o autor tirou a própria vida.
No caso da cidade, os registros de violência doméstica são ainda maiores. Com 28 mil moradores, a delegacia de Polícia Civil registrou nos últimos 10 anos 1.746 boletins de violência contra mulher, sendo 23 somente
Se comparado com o Estado, nos últimos 10 anos Mato Grosso do Sul contou com 197.345 registros de violência doméstica. 2023 foi o ano mais grave, quando 20.819 mulheres buscaram a delegacia para relatar o ocorrido.
Quanto aos feminicídios, o Estado amarga, até o momento, 345 mortes desde 2015, quando o crime passou a ser tipificado.
Feminicídios em 2025
Assim como relatado acima, o 1º feminicídio ocorreu no dia 01 de fevereiro, em Caarapó. Já no dia 12, a jornalista Vanessa Ricarte entrou para estatística ao receber três golpes de faca, no tórax, pelo ex-noivo, Caio Nascimento, em Campo Grande.
Já na noite de terça-feira (18), Juliana Domingues foi atingida por golpes de foice do marido, Wilson Garcia, que acabou preso. O caso aconteceu na Aldeia Nhu Porã, em Dourados.
No sábado (22), Mirieli Santos foi alvejada por um tiro no abdômen, efetuado pelo ex-marido Fausto Júnior Aparecido Oliveira, de 31 anos. O caso aconteceu em Água Clara e, dos cinco feminicídios até o momento, ele é o único que permanece foragido.
Dois dias depois, na manhã desta segunda-feira (24), Emiliana Mendes foi enforcada até a morte pelo namorado, Vanderson dos Santos, que tentou fugir após o crime, mas acabou capturado e preso.
Basta
⚠️ Violência doméstica, seja psicológica, física ou verbal, é crime! Saiba como denunciar:
- 🚨Emergências: se a agressão estiver acontecendo, ligue no número 190 imediatamente;
- 🚨Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
- 🚨Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.
Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.
Violência contra mulher é crime e não pode ser ignorada. Basta, denuncie!
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