A Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) instaurou um procedimento para apurar a conduta do juiz de Mato Grosso, Geraldo Fernandes Fidélis Neto, na segunda-feira (7), após ele ter autorizado uma alimentação especial ao empresário e lobista, Andreson de Oliveira, que está preso suspeito de um esquema de venda de sentença no Judiciário.
A dieta oferecida pela Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, onde Andreson se encontrava preso até março de 2025, incluía carne assada e chocolate, segundo a decisão de fevereiro deste ano.
O caso corre em sigilo e cabe à Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) prestar apoio à investigação.
Ao Primeira Página, o magistrado negou irregularidade e que vai se manifestar com precisão quando houver definição. “Todavia, submetendo-me às regras dos Tribunais e órgãos correicionais, não devo me manifestar. Assim que decidirem, vou me manifestar. Agora, preciso ser paciente”, disse Geraldo Fidélis.
A decisão favorável a Andreson Gonçalves para receber refeições diferenciadas na PCE gerou polêmica pelos alimentos contidos no cardápio.

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A defesa alegou que o lobista passou por cirurgia bariátrica em 2020 e, por isso, necessitava de uma alimentação equilibrada, incluindo carnes assadas e alimentos específicos para sua condição de saúde. O pedido foi aceito, garantindo que ele recebesse uma dieta especial dentro da unidade prisional.
Andreson de Oliveira, apontado como intermediário em um suposto esquema de venda de sentenças judiciais, está preso desde novembro de 2024. Em fevereiro, ele teve a liberdade negada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o ministro, a soltura do empresário ainda representa riscos para as investigações.

O magistrado apontou ainda risco concreto de fuga, considerando a influência que o empresário teria dentro do sistema judicial e ressaltou o papel central desempenhado por Andreson no esquema, que envolveria a comercialização de decisões judiciais e o fornecimento de informações privilegiadas. Por esse motivo, sua custódia foi considerada essencial para evitar possíveis fugas e a eventual destruição de provas.
Em março, Andreson foi transferido para a Penitenciária Federal de Brasília, considerada a unidade mais segura da América Latina.
Investigação e prisão
Andreson Gonçalves foi preso no contexto das investigações sobre o assassinato do advogado Roberto Zampieri. A polícia apura a ligação entre o crime e o suposto esquema de corrupção no Judiciário, no qual Gonçalves atuaria como lobista, intermediando a venda de decisões judiciais e o acesso a informações privilegiadas.
O empresário é acusado de corrupção passiva; violação de sigilo funcional, corrupção ativa e exploração de prestígio.