A doçura e o colorido da Páscoa, tradicionalmente celebrada com ovos de chocolate e a figura simpática do coelhinho, esconde uma realidade crescente: o abandono de coelhos após o período festivo.
O que para muitos começa como um gesto de carinho, se transforma em negligência e, por fim, em abandono cruel dos coelhos, por causa da falta de informação sobre os cuidados que exigem com os animais.
Segundo Michelle Scopel, presidente da Organização de Proteção Animal de Mato Grosso (OPA-MT), a compra de coelhos como presentes é comum no período que antecede a Páscoa. Contudo, essa prática frequentemente resulta no “descarte” desses animais logo após a festividade.
A principal razão para esse abandono é devido a falta de informação sobre as necessidades específicas dos coelhos, que exigem cuidados distintos e, muitas vezes, mais intensos do que os dispensados a cães e gatos.
“Depois as pessoas veem que tem todo um trabalho. Coelho come muito e quanto mais come mais faz necessidades. Tem pessoas que se arrependem porque dão na hora do impulso e depois ocorre o abandono”, disse.

Michelle Scopel informou não ter uma estimativa de quantos coelhos já foram resgatados pela ONG nos últimos anos. Mas, lembrou de já ter resgatado muitos desses animais após a Páscoa.
“É uma vida e demanda cuidados! A partir do momento que compra, adota ou ganha, tem que ter responsabilidade com aquela vida”, disse.
Silbene Lemes criava coelhos e contou à reportagem do Primeira Página que começou a cuidar nesta época da Páscoa, quando adotou um casal — um macho e uma fêmea.
Os motivos que a levaram a deixar de criar os animais foram a reprodução excessiva e a invasão de gatos que atacavam os coelhos em sua casa no bairro Araés.
“Eles são bem frágeis, qualquer coisa quebra a pata ou se machucam com facilidade. Coelho não é brinquedo”, disse.